
Setembro e outubro do ano passado, meses mais quentes e secos em quase todo o país, com ocorrências de incêndios florestais em várias regiões, foi o período que registrou o maior número de resgates a animais silvestres, encaminhados aos Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas). Do total de 25.200 resgates realizados em 2024, um a cada quatro aconteceu nessa época.
Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que administra os Cetas. Esses mais de 25 mil resgates não incluem animais procedentes de apreensões ou de entrega voluntária. Eles são referentes a casos de bichos encontrados feridos ou com queimaduras, por exemplo, ou ainda, aqueles observados em áreas urbanas colocando em risco a vida deles mesmos ou de seres humanos.
Segundo o Ibama, durante os picos das queimadas no Brasil, Brasília (DF) teve o maior número de animais resgatados e encaminhados ao Cetas, 1.071. Na sequência aparecem o centro de triagem de Seropédica (RJ), com 915 animais recebidos, e a unidade em Goiânia (GO), que recebeu 776 indivíduos no mesmo período.
Há 24 Cetas no país, que funcionam como uma casa de passagem para os animais silvestres, seja vítimas de acidentes, tragédias ambientais, comércio ilegal e sobreviventes do tráfico. Nesses centros, eles recebem tratamento e cuidados veterinários e são preparados, quando possível, para a volta à natureza.
Vítimas dos incêndios
O resgate e a morte de animais são um dos principais reflexos dos incêndios florestais que, ano a ano, têm se tornado mais frequentes e intensos em vários biomas do Brasil, resultado de uma série de fatores, entre eles o avanço de áreas agropecuárias, provocando desmatamento, mas também, das mudanças climáticas, com períodos mais longos de estiagem e seca.
No Pantanal, a exemplo do que aconteceu em 2020, quando 17 milhões de animais morreram vítimas do fogo, em 2024, infelizmente, muitos deles não conseguiram sobreviver. Contamos no Conexão Planeta várias dessas histórias, como a da onça-pintada Antã, que chegou a ser resgatada, mas não resistiu.
Vale lembrar ainda que diversas outras organizações e entidades também trabalham no resgate e reabilitação de animais. Uma delas é o Instituto Tamanduá, que tem um projeto específico nessa área, chamado Órfãos do Fogo, e que graças a ele, o tamanduá-bandeira Luizinho volta à natureza recentemente.

Foto: Devian Zutter / Instituto Tamanduá
Outra história de sucesso – graças ao trabalho e parceria de diversas instituições, foi a de Miranda. Em meados de agosto do ano passado, essa onça-pintada foi encontrada dentro de uma manilha, próximo de uma propriedade no município de Miranda, no Mato Grosso do Sul, com queimaduras de segundo grau nas quatro patas, decorrentes dos incêndios no Pantanal.
Depois do atendimento inicial no local, ela foi levada para o hospital veterinário do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), em Campo Grande. Lá, durante pouco mais de um mês, a fêmea recebeu um tratamento intensivo para queimaduras nas patas.
Plenamente recuperada, Miranda foi transportada de volta ao mesmo local onde estava em agosto. Antes de ser solta, entretanto, recebeu um rádio colar com GPS e assim, continuará a ser monitorada pela equipe de biólogos da organização Onçafari.
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Foto de abertura: divulgação Ibama