Os números já dizem tudo: 34 metros de largura, 32 metros de comprimento, 5,5 metros de altura e uma circunferência de 183 metros. Essas impressionantes dimensões fazem do coral descoberto na região das Ilhas Salomão, no Pacífico Sul, o maior que se tem conhecimento no mundo! Estima-se que esse gigante organismo tenha crescido ao longo dos últimos três séculos. Seu tamanho é tão grande que ele pode ser visto do espaço.
O imenso coral, localizado na Ilha de Three Sisters, foi descoberto por uma equipe de pesquisadores da National Geographic Pristine Seas, que realizavam uma expedição científica naquela área. A princípio, achou-se que a estrutura espetacular fazia parte de vestígios de um navio naufragado.
“Quando pensamos que não há mais nada para descobrir no planeta Terra, encontramos um coral enorme feito de quase um bilhão de pequenos pólipos, pulsando com vida e cor”, diz Enric Sala, National Geographic Explorer e fundador do Pristine Seas. “Esta é uma descoberta científica significativa, como encontrar a árvore mais alta do mundo.”
O coral, da espécie Pavona clavus, apresenta uma coloração principal marrom, mas com toques de amarelos brilhantes, azuis e vermelhos. É coberto por ondulações, refletindo a superfície do oceano. Ele é lar de diversas espécies de animais marinhos, como peixes, caranguejos e camarões, que não apenas o utilizam como abrigo e se alimentam ali, mas também, o usam como local de reprodução.
“Grandes colônias de corais adultos como esta contribuem significativamente para a recuperação de ecossistemas de recifes de corais devido ao seu alto potencial reprodutivo”, explica Eric Brown, cientista de corais da expedição.
As Ilhas Salomão abrigam a segunda maior diversidade de corais do planeta, com cerca de 490 espécies já observadas. “Os recifes de corais são como cidades subaquáticas movimentadas, abrigando um quarto de toda a vida marinha em nosso planeta. O que muitas pessoas não percebem é que os corais, embora pareçam simples rochas, são na verdade criaturas vivas que constroem esses habitats incríveis. Eles também agem como a primeira linha de defesa para comunidades costeiras, as protegendo contra ondas e tempestades poderosas”, ressalta Ronnie Posala, representante do Ministério da Pesca e Recursos Marinhos das Ilhas Salomão.
Apesar da boa notícia, os pesquisadores da National Geographic Pristine Seas ressaltam que há motivos para preocupação. “Embora ele esteja numa localização remota, este coral não está a salvo do aquecimento global e de outras ameaças humanas”, diz Sala.
Em abril deste ano, o Coral Reef Watch, braço da Administração de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA) anunciou que o planeta enfrentava o quarto evento global de branqueamento de corais, um dos piores da história. O fenômeno, provocado pelo aumento da temperatura da água do mar, faz com que os corais percam as algas que lhes dão cor e das quais eles dependem para se alimentar. Como resultado, eles ficam brancos e muitas vezes, acabam morrendo.
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Foto de abertura: Manu San Félix, National Geographic Pristine Seas