Mais um animal que deixa de existir no planeta. Assim como a nossa brasileira ararinha-azul, o maçarico-de-bico-fino (Numenius tenuirostris) acaba de ser declarado oficialmente extinto na natureza. A última vez que houve um registro dele em vida livre foi em 1995, no Marrocos. Ao longo dos últimos 30 anos especialistas analisaram possíveis observações dele, mas nenhuma se provou real. Ele torna-se agora a primeira ave da Europa continental a ser extinta em 500 anos.
Descrito pela primeira vez pelo ornitólogo francês Louis Pierre Vieillot, em 1817, o maçarico-de-bico-fino era uma ave migratória, que se distinguia de outras espécies justamente por sua rota atípica e transcontinental. Ela se reproduzia nas estepes do Cazaquistão e no sul da Rússia e então voava para o sudoeste, passando pelo Delta do Danúbio, através dos Balcãs e do sul de Itália, e chegando nos meses de inverno no norte de Marrocos.
Medindo cerca de 40 cm e com uma envergadura das asas que podia chegar a quase 90 cm, pouco mais se sabe sobre o comportamento do maçarico-de-bico-fino, além de que ele costumava fazer seus ninhos no solo.
No artigo científico em que declaram a espécie extinta, pesquisadores afirmam que, embora tenham sido sugeridas várias ameaças à ave, nunca serão conhecidas aquelas que levaram definitivamente a espécie ao desaparecimento total.
“Outras espécies de Numenius estão sob diversas pressões e muitas são reconhecidas como globalmente ameaçadas. Para garantir a sobrevivência contínua de todas as espécies de aves limícolas [vive na lama, em áreas pantanosas], defendemos uma ação concentrada e coordenada à escala das rotas de voo, e cautela contra a complacência, mesmo para táxons abundantes, mas ameaçados na Europa”, alertam os cientistas.
Em 2018, um relatório da BirdLife International apontava que uma em cada oito aves do planeta estava ameaçada de extinção e 40% das espécies conhecidas se apresentavam em declínio.
Desde o ano 1500, já tinham desaparecido mais de 161 espécies, uma média bem maior do que aquela que faz parte da evolução e seleção natural. O estudo ressaltava que muitas aves classificadas como criticamente ameaçadas pela Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas, da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), já deviam estar extintas.
Nos últimos 24 anos, três espécies de aves deixaram de ser encontradas livres na natureza, entre elas, a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), citada no início dessa reportagem. E agora, o maçarico-de-bico-fino.
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Foto de abertura: Coleção do Natural History Museum, London