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Lula é convidado e confirma presença na Conferência do Clima, da ONU, no Egito

Lula é convidado e confirma presença na Conferência do Clima, da ONU, no Egito

Um dia depois de eleito, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu dois convites para participar da 27ª. Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), que será realizada de 6 a 18 de novembro, em Sharm El-Sheikh, no Egito.

Em comunicado, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, presidente egípcio e anfitrião da Cúpula do Clima deste ano, parabenizou Lula pela vitória e declarou que deseja estreitar laços e cooperar com o novo chefe de estado. “Acredito que o Brasil é capaz de ter um papel positivo e construtivo durante a cúpula para promover uma ação climática no nível internacional”.

Também na segunda-feira, 31/10, o governador do Pará, Helder Barbalho, o convidou para integrar o Consórcio Amazônia Legal, iniciativa criada em 2019 por governadores dos estados amazônicos. O presidente do grupo, Waldez Góes, governador do Amapá, reforçou o convite.

Este ano, o Consórcio terá espaço exclusivo na COP27 para receber convidados e articular parcerias, independente do governo federal e das organizações da sociedade civil.

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Lula vai!

A presença de Lula na Cúpula do Clima foi confirmada hoje, por Gleise Hoffman, presidente do PT, mas ainda sem data definida. A Cúpula dos líderes acontece nos dois primeiros dias da conferência, mas nem todos estarão presentes.

Segundo o jornal O Globo, é mais provável que Lula viaje ao Egito na segunda semana da COP27, combinando sua agenda com as dos governadores do Consórcio que confirmaram participação.

O grupo que o acompanhará também não está decidido, mas especula-se que a deputada federal eleita, Marina Silva (ministra do meio ambiente do governo Lula, entre 2003 e 2008 e que tem participado das conferências de clima, de forma independente) e o ex-chanceler Celso Amorim (também na gestão do presidente eleito) farão parte.

Especula-se também que, durante a COP27, Lula pode anunciar quem vai gerir a pasta do meio ambiente em seu governo. Marina é a mais cotada, mas, de acordo com lideranças do PT (partido do futuro presidente), a deputada federal pode ficar com o comando da Autoridade Climática, instituição proposta pela Rede (partido de Marina) para coordenar ações de vários ministérios relacionadas ao meio ambiente.

Durante sua passagem pela conferência no Egito, Lula ainda pode se comprometer a sediar uma COP do clima, o que reforçaria sua preocupação e disposição para tratar do tema.

O encontro internacional é bastante propício para isso, visto que o mundo estava de olho na eleição presidencial e, até ontem, mais de 90 governantes parabenizaram Lula e reconheceram sua vitória

De acordo com o jornalista Jamil Chade, “membros da equipe de Lula revelaram que a agenda externa do presidente eleito vai se pautar na questão climática, inclusive para superar a crise de credibilidade que o país atravessa”. 

O protagonismo, de volta

Oficialmente, a delegação brasileira será a que representa o governo Bolsonaro, mas a atitude de Fattah El Sisi – e também a rapidez com que líderes têm reconhecido o resultado da eleição no Brasil e felicitado Lula – é um sinal de que a comunidade internacional não o considera mais como interlocutor.

Vaie lembrar que, em 2019, logo após assumir o governo, Bolsonaro declarou que não sediaria a conferência sobre clima – como estava acertado -, alegando que seria muito caro. No ano passado, foi um dos poucos líderes que não participaram da COP em Glasgow, na Escócia. Trocou-a por turismo na Europa: visitou Anguillara Vêneta, na região norte da Itália, onde teria nascido seu bisavô paterno.

Antes de Bolsonaro, o Brasil era protagonista nas discussões sobre clima e biodiversidade e nas conferências que tratam dos dois temas (a COP 15, da Biodiversidade, acontecerá em Montreal, no Canadá, entre 5 e 17 de dezembro próximo, mas nada foi dito sobre a presença de Lula ou de uma comitiva do futuro governo).

Com Bolsonaro, o país ganhou destaque devido à destruição da Amazônia, ao desmatamento desenfreado em todos os biomas, ao avanço do garimpo em unidades de conservação e terras indígenas, ao aumento das emissões de gases de efeito estufa…

Em seu discurso, após a confirmação de sua vitória, Lula tratou da crise climática e declarou que a meta de seu governo é acabar com o desmatamento, destacando a Amazônia. E ainda prometeu a retomada da fiscalização e o combate à criminalidade na região.

“O Brasil está pronto para retomar o seu protagonismo na luta contra a crise climática, protegendo todos os nossos biomas, sobretudo a floresta amazônica. Agora, vamos lutar pelo desmatamento zero da Amazônia. O Brasil e o planeta precisam de uma Amazônia viva”.

Logo que o governo da Noruega tomou conhecimento da eleição de Lula, ainda no domingo, acenou com a retomada do Fundo Amazônia (como contamos aqui), interrompido por esse país e pela Alemanha devido à intenção de Bolsonaro e de Ricardo Salle de alterar as regras e fazer outro uso dos investimentos.

Agenda cheia antes da posse

Ao parabenizar Lula pela vitória, Joe Biden, dos EUA, Emmanuel Macron, da França, e Olaf Sholz, da Alemanha, entre tantos outros líderes, não só confirmaram o reconhecimento no sistema eleitoral brasileiro – tão atacado por Bolsonaro -, como também deixaram claro que, agora, o poder está com o presidente eleito.

Europeus não esconderam seu desejo de que Lula – ou uma equipe de transição formada por ele – participe da Cúpula do G20, que ocorre este mês, na Indonésia. Mas, a julgar pela declaração do Itamaraty, isso não acontecerá – “impossível”. E os diplomatas brasileiros já vislumbram que Bolsonaro não será bem recebido no encontro, especialmente se não reconhecer a derrota e não iniciar o processo de transição.

Em seu discurso – somente hoje à tarde! – o atual presidente falou pouco: agradeceu seus eleitores, atacou a esquerda, declarou que a eleição foi desonesta e não reconheceu a vitória do adversário. Está saindo de cena como o pior presidente da história da República do Brasil.

Independente de Bolsonaro, membros do governo, como o vice-presidente Hamilton Mourão e o ministro chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, garantiram que colaborarão com a transição.

Desde que foi eleito, Lula tem recebido o apoio de todas as partes do mundo. Além dos líderes que ligaram ou enviaram mensagens, entidades internacionais como a OEA – Organização dos Estados Americanos, também se manifestaram. China e Rússia, por exemplo, já declararam que querem estabelecer parcerias mais amplas com o Brasil.

Segundo o UOL, diversas “delegações estrangeiras estão enviando negociadores extras para que tenham como incumbência buscar a equipe de transição do Brasil para iniciar a negociação de novos entendimentos”. Em resumo: “a fila para falar com o Brasil de Lula, segundo diplomatas, já preenche uma ampla agenda”.

Ontem, Lula recebeu a visita do presidente da Argentina, Alberto Fernández, que viajou ao Brasil especialmente para parabenizar o amigo. No encontro, o presidente eleito prometeu retribuir a visita antes da posse. Hoffman não soube dizer se essa viagem acontecerá antes ou depois de sua participação na Cúpula do Clima.

Antes de assumir o país, em 1º de janeiro, Lula ainda quer visitar os presidentes dos Estados Unidos, da China e de países da União Europeia.

No domingo, ao conversar com Emmanuel Macron – que não escondeu sua satisfação com o resultado o da eleição -, Lula foi convidado por ele para participar da Paris Peace Conference (conferência sobre paz na capital francesa), que acontecerá em 11 e 12 de novembro.

Faltam 61 dias para a posse de Lula e já podemos sentir os bons ventos da mudança. Não vai ser fácil ‘reconstruir’ o país, mas a possibilidade de ter um líder nato, um governante de verdade, na direção do Brasil, dá uma esperança danada.

Foto: Ricardo Stuckert/divulgação

Fontes: Jamil Chade, UOL, Folha

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