PUBLICIDADE

Lula de águas profundas e geladas da Antártida é registrada viva pela primeira vez 

Lula de águas profundas e geladas da Antártida é registrada viva pela primeira vez 

Era véspera de Natal e um grupo de cientistas liderado pela National Geographic Society a bordo do estreante navio R.V. Falkor, do Schmidt Ocean Institute, tentava explorar as águas geladas do Mar de Weddell, no Oceano Antártico. Acabaram desistindo.

“Os blocos de gelo estavam se movendo tão rápido que colocariam todos os navios em perigo, então tivemos que reorganizar tudo”, declarou Manuel Novillo, pesquisador de pós-doutorado no Instituto de Diversidade e Ecologia Animal ao site da National Geographic.

Foi então que decidiram escolher um novo local para voltar à missão no dia seguinte: a Bacia de Powell, uma planície abissal inexplorada, com cerca de 9.800 pés de profundidade, para onde levariam o ROV (veículo subaquático operado remotamente) SuBastian.

Eles nem imaginavam que as dificuldades do Mar de Weddell, na verdade, os levariam a fazer uma emocionante descoberta: uma lula de quase um metro de comprimento (90 cm pra ser mais exata), da espécie Gonatus antarcticus, considerada esquiva, que vive nas águas geladas da Antártida e nunca havia sido encontrada viva.

PUBLICIDADE

Lula-da-antártida

A espécie – também conhecida como lula-gonata-da-Antártidaque ganhou um nome simplificado: lula-da-antártida – pertence à família Gonatidae, composta por 19 espécies (em três gêneros), que são conhecidas como lulas-gancho, em alusão a uma espécie de “anzol central” em cada tentáculo.

Essa característica foi descrito pela especialista Kathrin Bolstad, chefe do Laboratório de Ecologia e Sistemática de Cefalópodes da Universidade de Tecnologia de Auckland, na Nova Zelândia. Ela trabalhou com Novillo na equipe de identificação da espécie e confirmou ser a lula-gonata-da-Antártida devido ao grande gancho central.

Segundo a National Geographic, Alex Hayward, professor sênior da Universidade de Exeter, na Inglaterra, que não participou da expedição, conjecturou, por e-mail, que provavelmente esse gancho é “usado ​​para agarrar e subjugar presas durante emboscadas”.

Kathrin foi quem revelou que este é o primeiro indivíduo da espécie avistado vivo. Antes dessa descoberta surpreendente, a Gonatus antarcticus só era conhecida por meio de carcaças em redes de pesca ou de bicos encontrados no estômago de animais marinhos.

Arranhões e marcas de ventosas

Adulta, a lula-da-Antártida descoberta na expedição não é tão grande quanto a lula gigante ou a lula colossal (a maior do mundo, também avistada viva pela primeira vez, recentemente, como contamos aqui). Mas, segundo a especialista, devido “às pressões da vida a três mil metros abaixo do nível do mar, 90 centímetros não é um tamanho a ser desprezado.

Segundo Kathrin, lulas de águas profundas enxergam muito bem e certamente evitam luzes como as de um navio de pesquisa, o que torna o encontro do SuBastian com ela ainda mais interessante.

O animal apresentava boa forma, apesar de alguns arranhões nos braços e tentáculos, além de marcas de ventosas de aparência recente em seu manto (corpo tubular), que poderiam ser fruto de conflito ou tentativa de predação. E não foi possível identificar o sexo e a idade do molusco.

Outras descobertas e documentário

Durante a expedição, a equipe de cientistas também mapeou diversos locais inexplorados no Oceano Antártico, até então, e obteve amostras de sedimentoágua biota a fim estudar a saúde de diferentes habitats como planícies abissais, fontes hidrotermais, depressões, paredões de cânions e gelo marinho.

A filmagem completa da lula-da-Antártida está sendo editada para ser exibida em documentário da National Geographic. Enquanto isso, informações sobre o incrível encontro do SuBastian e o raro animal podem ser pesquisadas no site.

Assista a trecho do vídeo registrado pelo ROV SuBastian que mostra movimento da lula-da-antártida, aqui.

___________

Acompanhe o Conexão Planeta também pelo WhatsApp. Acesse este link, inscreva-se, ative o sininho e receba as novidades direto no celular.

Leia também:
Um século após sua descoberta, maior espécie de lula é filmada pela primeira vez
Lula raríssima é fotografada pela primeira vez, em expedição que registrou diversas espécies desconhecidas
Robô submarino documenta espécie de lula desconhecida com ovos gigantes
Mergulhadores se deparam com raríssima lula gigante, maior invertebrado do planeta
Raríssima lula, com maiores órgãos de luz do mundo animal, é filmada ‘abraçando’ robô marinho
No fundo do mar, robô subaquático filma o comovente sacrifício de uma mãe lula por seus filhotes
Descobertas duas novas espécies de lula pigmeu, menores que um alfinete de costura

Com informações da National Geographic e da GoodNews Network

Foto: ROV SuBastian / Schmidt Ocean Institute

Comentários
guest

0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários
Notícias Relacionadas
Sobre o autor