Foram nada menos do que 60 bilhões de peças produzidas no ano passado. A marca da gigante dinamarquesa Lego se tornou sinônimo de blocos de montar. Está na mão de milhões de crianças do mundo todo. Mas justamente por lidar com o universo infantil, a empresa percebeu que precisava dar exemplo e fazer sua parte para ser mais verde e sustentável.
Para isto, está fazendo investimentos milionários em diversos setores. O primeiro deles foi inaugurado no início de outubro, com o anúncio do começo da produção de energia eólica da fazenda de Borkum Riffgrund 1, na costa ao norte da Alemanha. Com o custo de EUR 400 milhões, foram instaladas 78 turbinas no mar. A eletricidade gerada ali é suficiente para atender a demanda de aproximadamente 100 mil casas por ano.
“É um passo importante para a nossa meta de ter 100% energia renovável em 2020. Vamos conseguir atingir nosso objetivo focando em eficiência energética”, disse Jørgen Vig Knudstorp, presidente e CEO do Grupo Lego.
A construção do campo de Borkum Riffgrund 1 envolveu a parceria de três grupos empresariais: DONG Energy (50%), KIRKBI A/S (31.5%) – do qual a Lego faz parte – e William Demant Invest (18.5%).
Além do setor energético, a companhia escandinava também decidiu investir no desenvolvimento de pesquisas para a produção de matéria-prima menos prejudicial ao meio ambiente, já que o plástico é um dos principais vilões da poluição em mares e oceanos (estudo mostrou que até 2050, quase todas as aves marinhas terão plástico em seus organismos).
O Centro de Materiais Sustentáveis Lego ficará localizado na cidade de Billung, na Dinamarca, onde está a sede da companhia. A intenção é investir US$ 150 milhões nos próximos 15 anos para a criação de materiais alternativos para a confecção dos blocos de montagem e embalagens. Mais de 100 profisisonais deverão ser contratados e a Lego espera ter uma nova matéria-prima até 2030.
A empresa acredita, entretanto, que só será bem-sucedida se conseguir contar com a parceria de outras organizações e centros de pesquisa. No primeiro semestre de 2015, a Lego firmou acordo com o WWF Internacional para poder melhorar a avaliação do impacto ambiental e de sustentabilidade de novos materiais de base biológica para as peças e embalagens da marca.
“Ainda não há um senso comum sobre materiais sustentáveis. Vários fatores influenciam a sua sustentabilidade ambiental – a composição da matéria-prima, processos de produção e o que acontece a eles quando acaba sua vida útil. Quando pesquisarmos novas alternativas, todos estes fatores terão de ser considerados”, revelou Jørgen Vig Knudstorp.
Em 2014, a Lego ficou com sua imagem abalada depois que o Greenpeace vinculou a empresa à denúncias de perfuração de petróleo feita pela Shell no Ártico (leia mais sobre o assunto neste outro post). Em um vídeo produzido pelo movimento ambientalista, os bonequinhos dos famosos blocos de montar apareciam em meio a ursos polares e vazamento de óleo no Ártico.
Como resposta à pressão do Greenpeace e a grande repercussão que o vídeo teve nas redes sociais (só no Youtube foram mais de 7 milhões de visualizações), a Lego rompeu contrato que tinha com a Shell, pelo qual os brinquedos eram vendidos nos postos de combustíveis.
Assista abaixo o vídeo que mostra a fazenda eólica da Lego recém-inaugurada na costa da Alemanha:
Foto: divulgação Lego