Ele era o leão da montanha mais famoso da Califórnia. Provavelmente, dos Estados Unidos. Avistado pela primeira vez em 2012, recebeu o nome de P-22 pelos pesquisadores que fazem o monitoramento da espécie, a Puma concolor, também chamado de cougar em inglês ou como puma ou onça-parda, no Brasil.
Flagrado pela câmera de uma armadilha fotográfica, P-22 parecia estar encarando a lente e essa imagem rodou o mundo e com ela o animal se tornou um símbolo pela proteção dos leões da montanha que viviam na região do entorno da cidade de Santa Mônica, em pequenas áreas, fragmentadas e cortadas por estradas.
P-22, P para puma e o 22o indivíduo a ser monitorado por um programa federal, recebeu um colar GPS através do qual pesquisadores conseguiam acompanhar sua localização, que geralmente era na área do Parque de Griffith
Todavia, em novembro houve um ataque e a consequente morte de um cão chihuahua e a suspeita recaiu sobre P-22. E agora, em dezembro, novamente um cachorro da mesma raça foi morto e especialistas apontavam o leão da montanha como o responsável.
Decidiu-se então capturá-lo para analisar seu comportamento, já que a espécie tem como presas coiotes e veados. Com dados tranquilizantes conseguiu-se anestesiar P-22 no último dia 12 de dezembro e o que os veterinários constataram é que ele estava com uma saúde muito deteriorada.
Após passar por um exame de CT-scan, descobriu-se que, além de apresentar ferimentos que seriam provavelmente provenientes de uma colisão com um veículo, como uma fratura no crânio e um ferimento no olho direito, o macho que tinha cerca de 12 anos, possuía ainda doenças crônicas no rim e no fígado e uma grave infecção na pele.
A alternativa era então enviá-lo para um santuário de vida selvagem, algo difícil para um animal que sempre esteve na natureza, ou sacrificá-lo. Optou-se pelo segundo.
“O leão da montanha P-22 teve uma vida extraordinária e conquistou os corações das pessoas de Los Angeles e além. A escolha mais difícil, mas compassiva, foi minimizar respeitosamente seu sofrimento e estresse encerrando sua jornada de maneira humana”, informou em nota o Departamento de Pesca e Vida Selvagem da Califórnia.
Dez veterinários e zoologistas participaram da decisão e todos demonstraram muita emoção a concordarem pela eutanásia. “Isso realmente dói. Para mim, senti todo o peso da cidade de Los Angeles, disse Chuck Bonham, executivo do departamento de vida selvagem do estado americano.
Quem se pronunciou em suas redes sociais também foi o governador da Califórnia, Gavin Newsom. “P-22 era um símbolo. Sua incrível jornada ajudou a inspirar uma nova era de conservação urbana, incluindo a maior travessia de vida selvagem do mundo na Califórnia. Eu cresci amando esses felinos. Pensando no meu pai hoje, que era um ativista da vida selvagem e me ensinou sobre como proteger esses preciosos animais”.
A maior passarela do mundo para travessia de animais
Em abril de 2022 começou a construção do viaduto que passará sobre dez pistas de uma rodovia, por onde passam, diariamente cerca de 300 mil veículos. A obra gigantesca, que garantirá a travessia de animais sobre uma das estradas mais movimentadas da Califórnia, deve ficar pronta no ano que vem.
A maior passarela para a travessia de vida selvagem do mundo está sendo erguida sobre a US Highway 101, na região de Agoura Hills, em Santa Monica, terá quase 65 metros e será coberta com vegetação e árvores nativas.
Batizada de Wallis Annenberg Wildlife Crossing, a passarela será importantíssima não apenas para a proteção do leão da montanha, mas também gatos-selvagens, coiotes, veados e uma série de outros animais (leia mais aqui).
P-22 teve uma vida longa
O leão da montanha é uma espécie nativa das Américas. É o mamífero terrestre com a distribuição geográfica mais ampla no continente. Vai do Canadá até o sul do Chile. Seu tamanho varia muito conforme a região onde é encontrado. Machos podem pesar entre 50 e 100 kg. Além de montanhas, podem ser observados em florestas, desertos e planícies.
Esses felinos buscam suas presas durante o período da noite, quando geralmente atacam veados e animais de porte menor. As fêmeas procriam, em geral, a cada dois anos, quando têm entre um e seis filhotes, e ficam ao lado deles por cerca de um ano e meio.
Na vida selvagem, os leões da montanha vivem por aproximadamente dez anos, ou seja, P-22 realmente já tinha atingido o pico e estava perto da hora de se despedir de todos nós.
P-22 viveu longos 12 anos, mas mesmo assim, sua morte foi muito sentida por todos
(Foto: US National Park Service)
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Foto de abertura: reprodução Facebook Save La Cougars