De bobo esse pequeno réptil não tem nada. Com cerca de 5 centímetros, o lagarto da espécie Leposoma scincoides, endêmico da Mata Atlântica, já era conhecido por ter algumas estratégias para dissuadir seus predadores, algo comum entre esses animais. Todavia, uma delas, ainda era desconhecida dos cientistas.
Foi durante um trabalho de campo que pesquisadores do Projeto Bromélias e do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA) perceberam que ele também “se faz de morto”. Isso mesmo! Tentam parecer sem vida.
“Ao serem manuseados para avaliar suas estratégias defensivas, imediatamente viraram-se de barriga para cima, colocando-se em uma postura na qual fingiram-se de mortos, retornando à posição normal cerca de quatro minutos depois, relatou Cássio Zocca, pesquisador do INMA e um dos autores de um artigo científico publicado recentemente na revista britânica The Herpetological Bulletin, em que descrevem a descoberta do comportamento inusitado.
O lagarto em questão é encontrado apenas em áreas de floresta, desde a região de Teresópolis (RJ) até Salvador (BA). Para poder fazer o registro da estratégia, os pesquisadores fizeram uma série de fotografias de dois indivíduos e fizeram uma vasta pesquisa na literatura científica para tentar encontrar esse tipo de artimanha entre outros animais da mesma família, a Gymnophthalmidae.
“Os lagartos adotam uma variedade de estratégias defensivas para evitar ataques de predadores na natureza, incluindo colorações e exibições posturais. Assim, espécies diferentes podem exibir estratégias diferentes diante do risco da predação. Há espécies que podem desferir mordidas, inflar o corpo, usar a descarga cloacal e a autotomia da cauda, que é a habilidade de liberar total ou parcialmente a cauda, como uma automutilação”, explica Zocca.
Esse tipo de lagarto tem hábitos diurnos e é comumente encontrado no chão da mata, entre folhas e galhos. Os cientistas suspeitam que o “se fazer de morto” deve ser utilizado quando ele não consegue se camuflar ou fugir a tempo de um risco eminente, como por exemplo, o ataque de uma ave.
O pequeno lagarto, segundos antes de se fingir de morto
(Foto: Cássio Zocca)
*Com informações e entrevistas concedidas ao portal Gov.br
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Foto de abertura: Cássio Zocca