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Inventor de Mato Grosso desenvolve ventilador pulmonar de baixo custo, movido a motor de parabrisa de carro

José Rodrigues Sales mora em Torixoréu – cidade a 600 km de Cuiabá, capital do Mato Grosso – e é um inventor nato. Ficou revoltado ao ver a ganância e o oportunismo dos fabricantes e comerciantes de ventiladores pulmonares (popularmente chamados de respiradores) no país, que elevaram os preços dos aparelhos a medida que esses equipamentos foram se tornando ainda mais vitais no tratamentos dos casos avançados de COVID-19. Isso, enquanto vidas corriam risco.

Nesse cenário, Sales – conhecido na cidade como Zezinho eletricista – ainda se deu conta de que pequenas cidades, como a que ele vive, que tem pouco mais de 4 mil moradores, jamais terão chance de salvar seus doentes porque não têm condições de adquirir esses equipamentos. Mais de 70% dos municípios de Mato Grosso não têm ventiladores pulmonares mecânicos na rede pública.

Sales começou, então, a pensar de que forma poderia ajudar. Ainda matutando, assistiu a uma reportagem na televisão, que contava a história de uma indústria de carros que iria desenvolver ventiladores, devido à crise no mercado global por conta da pandemia do novo coronavírus. “Na mesma hora, minha cabeça começou a trabalhar e eu já acordei com todo o modelo em mente”, contou à reportagem do jornal O Livre, da região.

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O eletrotécnico usou um ventilador pulmonar manual (Ambu) e para fazê-lo funcionar – como ainda não tinha o motor de para-brisas de carro – usou o mecanismo dos vidros elétricos e uma fonte de computador usada. Parafusos e tintas foram doados por uma loja de ferragens. “Ele funcionou, mas logo vi a possibilidade de melhorias e comecei a desenvolver”, relatou. Em seguida, conseguiu o motor que escolheu quando concebeu a ideia do equipamento e finalizou o projeto.

Interesse das universidades

O que Sales fez foi tentar reproduzir o movimento das mãos dos enfermeiros sobre o equipamento manual, com três velocidades para que o médico escolha o ritmo melhor a ser programado em cada caso.

“Quando o enfermeiro faz o movimento com as mãos, é humanamente impossível manter por muito tempo as repetições constantes. Ele cansa e tende a mudar o ritmo e, se revezar com outro, serão velocidades diferentes. O aparelho que criei, substitui o trabalho humano e pode funcionar por dias sem problemas”, contou entusiasmado

O protótipo (que ele mostra no vídeo, no final deste post) foi feito com materiais doados ou reaproveitados. Desde então, dedica as horas vagas para trabalhar mais no projeto, reproduzindo outros equipamentos e buscando melhorias, apesar de as lojas estarem fechadas e não poder testar outras peças como gostaria.

A invenção original está sendo analisada por especialistas na Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat). No início de abril, o secretário executivo da Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Ceará, Francisco Coelho, o procurou devido à demanda do ventilador pulmonar devido ao impacto do coronavírus nesse estado nordestino, que apresentava mais de 445 casos confirmados e, pelo menos, nove mortes.

Além disso, três prefeituras mato-grossenses mostraram interesse em saber mais sobre o equipamento. Sales está feliz com a repercussão, mas ele deseja, também, que o governo federal reconheça seu trabalho. “Eu queria que eles (o governo) avaliassem meu equipamento porque tenho certeza que ele funciona. Fiz vários testes e ele está conectado ao Ambu, que já tem certificações”, declarou.

Ele acredita que, se tivesse apoio governamental, poderia construir centenas de equipamentos em curto espaço de tempo e ainda a um custo muito baixo: com peças novas, garante que não ultrapassaria 250 reais por equipamento, o que representa cerca de 0,3% do valor cobrado no mercado, que varia entre 40 mil e 70 mil reais.

E engana-se quem pensa que “Zezinho eletricista” pretende ficar rico com a invenção tão bem vinda neste momento de pandemia. “Fico tão contente de inventar algo que ajude as pessoas, que nem penso em pagamento”.

A gente só pode agradecer ao ilustre morador de Torixoréu pela inventividade já que o ventilador pulmonar é um equipamento essencial na luta para salvar a vida de 20% das pessoas infectadas pelo coronavírus, que desenvolvem a forma mais grave da doença. Isso acontece porque o vírus causa um processo inflamatório por todo o corpo, acentuado nas vias aéreas, principalmente nos pulmões. Somente o uso de ventiladores pulmonaresrespiradores é capaz de ajudar a retomar a capacidade respiratória perdida.

Quem é o inventor de Torixoréu

Foi ainda pequenino, em plena infância, que José Rodrigues Sales manifestou interesse por invenções e logo se envolveu na criação de engenhocas estapafúrdias com os amigos. Na adolescência, criou o primeiro projeto de sucesso, por causa da matéria de Ciências. Se juntou aos colegas e construiu uma máquina de descascar arroz, usando equipamentos hidráulicos.

“O experimento ficou por anos em exposição na escola. Ficou muito chique. Eu só não virei cientista porque morava na roça e tudo era muito difícil. Mas eu fiz (curso de) Eletrotécnica, que me ajuda muito na elaboração dos projetos”, contou.

Hoje, trabalha com construção de poços. O equipamento que usa para perfurar o solo foi construído por ele, que se gaba todo ao dizer que, em sua criação, implementou uma série de melhorias aos modelos vendidos no mercado.

O inventor da pequena Torixoréu criou uma broca e um sistema exclusivo, que não tritura as pedras, mas as quebra. Dessa forma, dispensa o uso de compressor, reduzindo os custos do serviço em até 50%.

Fontes: O Livre e Muvuca Popular

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