Desde o começo de outubro o Pantanal vem sofrendo com incêndios florestais. Esta é a época do ano em que eles se intensificam no bioma. Nos últimos dez meses de 2023, já tinham sido destruídos mais de 310 mil hectares de vegetação, o que equivale a duas cidades de São Paulo. Só em outubro queimaram 167 mil hectares, ou seja, 53% do que queimou o ano todo, segundo dados do Instituto SOS Pantanal.
A chuva tinha dado uma trégua no fogo recentemente, mas nos últimos dias, os incêndios voltaram ao norte do Pantanal. De acordo com informações divulgadas pela organização Panthera Brasil, as chamas avançaram sobre áreas protegidas como o Parque Estadual Encontro das Águas, o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense e as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) Doroche e Poleiro Grande, no Mato Grosso.
O Parque Estadual Encontro das Águas abriga a maior concentração de onças-pintadas no mundo.
São várias as instituições trabalhando sem parar na região. Equipes dos bombeiros, brigadistas do Ibama, ICMBio, Prevfogo, Brigada Alto Pantanal e voluntários, como da Panthera Brasil, tentam controlar o fogo e evitar que ele se alastre ainda mais.
Brigadistas num barco e um incêndio ao fundo
(Foto: divulgação Panthera Brasil)
O Instituto SOS Pantanal e o biólogo, fotógrafo e guia Ailton Lara também acompanharam os esforços para combater os incêndios nos últimos dias.
“Um dos melhores lugares do mundo para observação de onças-pintadas foi impactado pelos incêndios, como é possível ver nas imagens registradas hoje, 8 de novembro de 2023. O risco de vermos o Parque Estadual Encontro das Águas queimado desta maneira já era previsível, por isso nosso pedido de ajuda para protegê-lo começou em outubro. Infelizmente, agora esta é a realidade. Novamente. Houve trabalho de instituições neste período, mas não foi o suficiente”, lamentou Lara em seu perfil no Instagram.
Ainda segundo ele, a prioridade dos esforços deve ser na prevenção.
“É necessária uma atuação estratégica e articulada para proteger essa área tão importante, começando com a prevenção. Depois que o incêndio começa no Pantanal, é muito difícil de conter. Depois que ele queima, há muito pouco o que se fazer e muito para lamentar, principalmente pela perda de inúmeros animais. Esse trabalho é urgente, precisa ser prioritário, para que essa área continue sendo sinônimo de vida e beleza”, reforça.
Na região da Serra do Amolar, no noroeste do Mato Grosso do Sul, já na fronteira com Cáceres, no Mato Grosso, a equipe da Brigada Alto Pantanal, mantida pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP), conseguiu extinguir um início de incêndio. A área é considerada um corredor de biodiversidade no Pantanal e abriga mais de uma centena de espécie de animais.
Um levantamento feito por pesquisadores brasileiros em 2021, após os incêndios que devastaram quase 30% do Pantanal no ano anterior, apontaram que o fogo matou 17 milhões de animais. A análise só levava em conta espécies de vertebrados de pequeno e médio a grande porte, ou seja, não incluía as mortes de onças, pumas e antas, por exemplo.
Foto de abertura: drone Marcos Amend