
O governo do presidente Donald Trump enviou uma carta ao Fundo de Perdas e Danos das Nações Unidas informando que os Estados Unidos não farão mais parte do compromisso global de compensar os países mais vulneráveis e impactados pelas mudanças climáticas. “Em nome do Departamento do Tesouro, escrevo para informá-lo de que os Estados Unidos estão se retirando do conselho do fundo para resposta a perdas e danos, com efeito imediato”, escreveu Rebecca Lawlor, vice-diretora do Escritório de Clima e Meio Ambiente dos EUA.
Infelizmente, a medida não gera surpresa. Logo nas primeiras horas após sua posse, Trump assinou um decreto determinando a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, o incentivo aos combustíveis fósseis e o fim de subsídios à energia verde. Recentemente, na onda das demissões em massa promovidas pelo Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), comandado pelo bilionário Elon Musk, centenas de cientistas da NOAA, um dos principais institutos de pesquisa do clima do mundo, foram demitidos.
Depois de muitas negociações e pressão, a criação de um Fundo de Perdas e Danos foi delineada durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP 27), em 2022, no Egito, e formalizada por 200 países no ano seguinte, na COP28, em Dubai. O objetivo desse mecanismo internacional, gerido pelo Banco Mundial, é ajudar as nações pobres a lidar com extremos climáticos, eventos que se tornaram cada vez mais frequentes e intensos nas últimas décadas devido ao aquecimento global, como enchentes, furacões, secas, estiagens e incêndios florestais.
O acordado é que o dinheiro desse fundo deverá sair do bolso dos mais ricos, aqueles que começaram a liberar dióxido de carbono a todo vapor na atmosfera da Terra há muito tempo, já que a industrialização das grandes economias se deu muito antes dos países do chamado “Sul Global”. Os recursos destinados por eles serão utilizados como reparação aos “danos climáticos”.
Aproximadamente 50% do total das emissões históricas de carbono foi feito por apenas 23 países, entre eles os Estados Unidos e integrantes da Comunidade Europeia.
Até o fim de janeiro, signatários do compromisso prometeram US$ 741 milhões ao fundo, de acordo com dados da ONU. Os Estados Unidos tinham se comprometido com US$ 17,5 milhões. Não se sabe ainda se Trump honrará essa promessa. Os recursos do acordo global deveriam começar a ser liberados em 2025.
“A saída dos Estados Unidos do fundo prejudica o progresso global e corrói a sua confiança”, diz Mohamed Adow, diretor executivo da organização Power Shift Africa. “Nós pedimos que os Estados Unidos reconsiderem sua posição pelos interesses do planeta e das próximas gerações.”
*Com informações da Agência Reuters e The Guardian
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Foto de abertura: @WhiteHouse/Fotos Públicas