Margarete havia trabalhado por duas décadas como secretaria-executiva da diretoria de uma grande indústria de bebidas quando se tornou a primeira funcionária de uma ONG que eu ajudara a fundar, em Piracicaba, para promover a sustentabilidade da produção florestal e agrícola. Seu profissionalismo e seriedade no trato das tarefas eram realçados pelo jeitão meio mandão, mas sempre simpático e alegre.
Um dia lhe perguntei que diferença fazia trabalhar numa grande empresa e no instituto, e ela me explicou:
— O trabalho aqui é bem parecido com o que eu fazia na empresa, só que trabalhamos em dobro e recebemos menos.
Antes que eu reagisse, ela completou: — Mas aqui sou muito mais feliz porque tenho um senso de propósito, sei que estamos contribuindo para um mundo melhor.
Várias pesquisas têm mostrado que o senso de propósito, visto como a percepção de estar contribuindo para um bem maior do que a si próprio, é o principal motivador para pessoas, equipes e instituições se moverem, se inspirarem e se encorajarem a superar obstáculos, inovar e romper barreiras.
Ainda assim, milhões de trabalhadores, empreendedores, empresas e governantes vagam sem rumo e sem significado pelo seu dia a dia, como que entorpecidos pela rotina e a sobrevivência diárias. Acabam sendo absorvidos pelo tédio de mais um relatório inútil, as distrações da telinha do celular ou a gestão da ansiedade da espera pelo próximo e-mail ou mensagem no WhatsApp.
Pois bem, tá sem propósito? Conheça os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Acordados há cinco anos entre todas as nações do mundo, formam uma agenda universal para as pessoas e o planeta. São 17 objetivos, que incluem os cuidados com a biodiversidade, os oceanos, as florestas, a água, o solo e o clima, o fim da fome, da pobreza, da corrupção e do preconceito, a garantia de saúde, segurança energética e alimentar e colocar ao alcance de todos a paz, a justiça e a igualdade de oportunidades.
Cada objetivo vem acompanhado de um conjunto de metas bem estruturadas, muitas bem objetivas como, por exemplo, até 2030, erradicar a pobreza extrema para todo o planeta — atualmente tendo como referência pessoas vivendo com menos de US$ 1,25 por dia.
Os ODS representam um cardápio de opções para inspirar cidadãos, empresas e governos a encontrar o seu propósito e sua razão de ser, estar e fazer. Quando mais forças se alinharem por um propósito, mais rápido, mais consistentemente caminharemos para um mundo mais próspero, justo e sustentável.
Foto: Madi Robison/Unsplash
Publicado originalmente no site do jornal O Globo, em 27/9/2017
O Brasil e um país rico em recursos naturais so somos mal administrados não precisamos dos outros países , pode ser por orgulho que esteja escrevendo isto , pode ser orgulho , mas não precisamos , e ponto !