
O sauim-de-coleira e o saium-de-mãos-douradas são duas espécies de macacos encontradas na Amazônia. Esses pequenos primatas, pesam entre 400 e 500 gramas, pertencem à mesma família biológica, os Callitriquideos, entretanto, têm características físicas bem diferentes, assim como vocalizações distintas.
O primeiro, o sauim-de-coleira (Saguinus bicolor), que é endêmico do Brasil – só existe aqui e em nenhum outro lugar do mundo -, apresenta uma pelagem bicolor, metade marrom e metade branca, na região do pescoço (por isso o nome, coleira), e o rosto negro.
Já o saium-de-mãos-douradas (Saguinus midas) pode ser observado tanto na Amazônia brasileira, como em áreas das Guianas e Suriname. Seu corpo e rosto são completamente pretos e apenas suas patas são amarelas. Seu nome científico, midas, tem origem na lenda do rei que transformava em ouro tudo que tocava.
Para tentar entender a interação entre essas duas espécies, um grupo de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) foi a campo para estudar a vocalização entre elas. E fizeram uma descoberta surpreendente.
“Imaginávamos que eles tinham sons bem distintos, mas descobrimos o contrário, eles apresentam vocalização bem parecida nos locais onde estão juntos”, conta a bióloga Tainara Sobroza, mestre e doutoranda em ecologia e pesquisadora do INPA.
Ela é a principal autora de um artigo científico divulgado recentemente na publicação internacional Behavioral Ecology and Sociobiology, que revela que o saium-de-mãos-douradas altera sua comunicação ao interagir com o saium-de-coleira.
“Suspeitamos que ele faça isso para ter uma linguagem comum com a outra espécie e assim conseguir defender seu território e evitar confrontos”, explica Tainara.

O saium-de-mãos-douradas
A descoberta é inédita para a ciência e segundo a pesquisadora, comportamento semelhante só havia sido descrito entre aves, mas nunca com primatas.
A bióloga afirma que em estudos anteriores já havia sido observado que, mesmo quando estava sozinho, o saium-de-mãos-douradas conseguia responder a vocalizações (gravadas) do saium-de-coleira, mas o contrário não ocorria. “Talvez o mãos-douradas tenha uma maior flexibilidade nas vocalizações”, diz ela.

Um saium-de-coleira: espécie é uma das mais ameaçadas do mundo
Para conseguir registrar esta interação curiosa, os pesquisadores gravaram os sons dos macacos em expedições de campo durante mais de três meses, em florestas próximas a municípios do Amazonas e Roraima.
Agora o grupo quer entender outros aspectos do comportamento desses animais. “Por exemplo, será que eles estão se reproduzindo e formando híbridos e por isso seus sons são iguais? O quanto será que eles estão competindo, suas dietas são iguais? Seus sons são iguais, mas será que eles diferem em outros canais de comunicação, por exemplo, olfativo? São muitas as questões que são bem interessantes”, destaca Tainara.
O saium-de-mãos-douradas ainda tem ampla distribuição na natureza, mas infelizmente, o saium-de-coleira é considerado criticamente ameaçado de extinção. Ele é tido como um dos 25 primatas em maior risco de desaparecer do mundo.
Entre as principais ameaças à espécie estão o desmatamento e a expansão urbana, predadores domésticos (cães), poluição de ambientes e o tráfico de animais silvestres.

O mapa mostra a área onde as duas espécies são encontradas
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Fotos: Viviane Costa, Lucian Veras e Tainara Sobroza
Acordei pensando… 7:h, no comportamento dos pais com os filhos, na interessão ‘do dia a dia,…. meu pai, por exemplo, não falava grosserias, nem ameaças e nem futricos, minha mãe o acompanhava… e se vinha da rua alguma expressão grosseira, ela logo falava com o dito, e procurava diassuadí-lo de tal expressão. Assim. optávamos por hábitos mais saudáveis, e éramos em 11 filhos. Neste artigo, os macacos intermeiam suas vocalizações, assim explica a bioólaga: “defender seu território, e evitar confrontos”… isso acontece com as aves. Penso comumente, não acontece nas famílias, chamada a “célula mater da sociedade” a 1ª educadora, a 1ª escola…penso que é onde saiu toda a espécie de comportamentos, condutas e maus hábitos, vícios e crimes… e depois nas ruas, e sociedade se ampliam…este artigo é educativo, parabéns a cientista Suzana Camargo.
Oi Ligia,
Obrigada pela mensagem. Mas ressaltando que sou uma jornalista e não cientista ;-)
A cientista que fez a pesquisa é a bióloga Tainara Sobroza.
Abraço,
Suzana