Realizada de forma presencial e virtual, em Nairóbi, no Quênia, a 5ª Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente reuniu representantes dos 193 países membros da ONU, empresas e sociedade civil para entrarem em acordo sobre políticas públicas para enfrentar os desafios ambientais mais prementes do mundo. E pela primeira vez na história desse encontro, foi aprovada uma resolução com referência explícita ao bem-estar animal.
Segundo a proposta, apresentada inicialmente pelos governos de Gana, Etiópia, Burkina Faso, Senegal, República Democrática do Congo, Sudão do Sul e Paquistão e que ganhou apoio mundial posteriormente, não há como pensar em conservação do meio ambiente e desenvolvimento sustentável sem levar em conta o bem-estar das milhões de espécies de animais do planeta.
Sem proteger e preservar a fauna da Terra, será impossível conter a perda da biodiversidade, mitigar as mudanças climáticas, reduzir a poluição e o risco de novas doenças zoonóticas infecciosas, como por exemplo, a gripe aviária ou o novo coronavírus.
“A aprovação é uma ótima notícia, pois, pela primeira vez na história, o bem-estar animal vai ser tratado de forma oficial e muito mais séria pela ONU, incluindo a relação sobre a forma como os animais são tratados e as principais crises ambientais que o planeta enfrenta. É um marco histórico para os animais e para o movimento de proteção animal”, afirma Lucas Alvarenga, vice-presidente de Desenvolvimento Internacional da organização Mercy For Animals, que estava na assembleia no Quênia.
O texto da resolução pede ainda ao Diretor Executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) que produza um estudo, com a colaboração com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), sobre a associação entre bem-estar animal, meio ambiente e desenvolvimento sustentável.
A decisão da ONU se dá graças a um enorme movimento mundial que ressaltou a necessidade de tornar o cuidado com os animais uma prioridade. Mais de 1 milhão de pessoas, representadas por 27 organizações, dentre elas a Mercy for Animals, o Greenpeace Brasil, a 350.org, o Instituto Luisa Mell de Assistência aos Animais e o Meio Ambiente e o Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, se pronunciaram a favor da proposta.
“Hoje o órgão decisório de mais alto nível do mundo sobre meio ambiente reconheceu o forte corpo científico que apoia o bem-estar animal e sua contribuição para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Hoje é um dia histórico. Demos um grande passo para proteger melhor os humanos, os animais e o planeta. E mostramos como somos melhores juntos”, celebrou Josphat Ngonyo, fundador e diretor executivo da Africa Network for Animal Welfare.
Foto: domínio público/pixabay
Além da importância do bem estar animal, para o desenvolvimento sustentável, a vida de animais de qualquer espécie é um direito inalienável deles, tanto quanto o nosso. Nenhum favor ou benemerencia de quem quer que seja, em respeitar-lhes as sagradas e intocáveis prerrogativas, o que já deveria ser o ululante óbvio, faz tempo. Só que não.