E aí, Samarco?

marcos solano protesta contra o descaso da samarco

Nem é preciso de legenda para a foto acima. A revolta do ator Mateus Solano é clara. Há exatos 41 dias, a barragem da mineradora Samarco, empresa que pertence às multinacionais brasileira Vale e a australiana BHP Billiton, se rompeu na região de Mariana, em Minas Gerais, e um mar de resíduos de minério inundou a região do Vale do Rio Doce, destruindo completamente duas cidades.

A lama tóxica poluiu o rio, acabou com a biodiversidade de seu entorno e a vida de milhares de animais. Até agora, foram encontrados cerca de 11 corpos e há mais outra dezena de desaparecidos. A onda de lama com dejetos de minério atingiu ainda a costa do Espírito Santo.

Indignado com o descaso ao maior desastre ambiental da história do país, Mateus Solano decidiu aparecer nas redes sociais com cara de palhaço e com lágrimas nos olhos. “Aguardo há mais de um mês um pronunciamento em rede nacional dos responsáveis pelo assassinato do Rio Doce: Samarco”, escreveu o ator em post nas redes sociais.

Com quase 5 milhões de seguidores no Facebook e 550 mil no Twitter, seu retrato de indignação já recebeu quase meio milhão de curtidas e 120 mil compartilhamentos. O também ator e amigo Marcos Palmeira aderiou ao protesto e postou foto com o nariz pintado de vermelho.

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O protesto de Marcos Palmeiras contra a Samarco no Twitter

Semana passada, como noticiou o jornal Folha de S. Paulo, a Samarco se negou judicialmente a assinar acordo de compensação financeira às vítimas da tragédia de Mariana. Diante da recusa, o Ministério Público Estadual entrou com ação contra a companhia e o grupo do qual ela pertence (Vale e BHP Billiton).

Atualmente a mineradora está pagando R$ 788,00 (um salário mínimo) a cada família desabrigada – e um adicional de 20% por dependente -, além de uma cesta básica. A empresa diz que só em fevereiro realocará as famílias em novas moradias definitivas.

Na ação, o Ministério Público pede que a Sarmaco aumente o auxílio financeiro para R$ 1.500,00 e transfira as vítimas do desastre para novas casas até o dia 24 deste mês. Os procuradores exigem ainda um plano de longo prazo de reparação a todos envolvidos no acidente (diretos e indiretos, como por exemplo, pescadores que ficaram sem trabalho porque os peixes do rio morreram).

Até agora também não foi apresentado um projeto oficial de recuperação do Rio Doce e de toda vegetação da mata ciliar que foi  devastada. Especialistas afirmam que serão necessárias quatro ou cinco décadas – 40 ou 50 anos!!!! – para que a biodiversidade no vale seja restaurada.

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Foto: reprodução Facebook

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.