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Pesquisadores criam grupo (e crowdfunding) para fazer análise voluntária do impacto da lama tóxica no Rio Doce

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Para ajudar a identificar os resultados do rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Samarco – que inundou o Rio Doce com lama tóxica, matando pessoas e parte da biodiversidade da região, em 5/11, no município de Mariana, em MG -, um grupo de pesquisadores resolveu trabalhar por conta própria: Grupo Independente para Avaliação do Impacto Ambiental Samarco/Rio Doce (GIAIA).

Para se comunicar com o público e, entre eles, criaram um blog – Do Caos à Lama -, além de página no Facebook (2.361 curtidas até a publicação deste texto) e um grupo fechado, na mesma rede social (2627 membros). Neste último, trocam observações entre os participantes e interessados e outros especialistas. E ainda divulgam e-mail para quem quiser fazer propostas de trabalho ou outras observações científicas: giaia.riodoce@gmail.com .

A iniciativa é liderada pelo biólogo Dante Pavan, especialista em répteis e anfíbios formado pelo Instituto de Biociências da USP, e tem a coordenação de Viviane Schuch, microbióloga e pesquisadora da Unifesp. Nas páginas na rede social, ela destaca a participação de outros pesquisadores – Rominy Stefani, Alexandre Camargo Martensen e Dino Xavier Zammataro -, os únicos que podem falar em nome do grupo. A cientista também fala da importância do projeto e como cada um pode ajudar: “Juntos, vamos fazer um trabalho colaborativo sem precedentes na história do Brasil, talvez do mundo. O desafio é enorme! Estamos fazendo um cadastro de voluntários e em breve conseguiremos fazer a distribuição de tarefas com mais clareza. Peço a todos um pouco de paciência. Conhecimento é muito importante mas aqui, mais importante do que os títulos é a vontade de oferecer o seu melhor. Quem pode contribuir só um pouquinho, contribui com pouquinho. Quem puder contribuir muito, contribui muito e está tudo bem”.

Alguns cientistas já estão no local do desastre, coletando amostras e resgatando animais, mais ou menos como fazem voluntários em situações catastróficas como terremotos, inundações, tsunamis e outros eventos.

Mas claro que a empreitada demanda despesas com as quais os cientistas não podem arcar sozinhos, por isso, eles criaram também uma campanha de crowdfunding no site Kickante. Viviane explica: “Ainda estamos limitados a recursos próprios mas para que tenhamos voz, precisamos de dinheiro”. São necessários R$ 50 mil para cobrir despesas com viagens, análises e a elaboração de relatório. Ontem, em menos de uma hora, foram arrecadados mais de três mil reais. Até às 8h30 de hoje, 215 pessoas haviam colaborado e doado R$ 16.467, ou seja, 32% do volume total. Faltam 27 dias para o término do financiamento. “Prestaremos contas de cada centavo publicamente”, diz a cientista. “Todos os resultados, também serão divulgados. Para nós, ética e rigor científico são valores fundamentais e incondicionais. Somos um grupo independente e apartidário”.

Os pesquisadores acreditam que é importante produzir relatório independente e isento – que deverá ser publicado até 01/03/2016 -, por conta dos interesses econômicos envolvidos, e que têm ficado cada vez mais claros. E destacam na página da campanha: “Os impactos ambientais devem ser documentados com a maior isenção e precisão possíveis. Isto é de extrema importância para que decisões relacionadas ao evento sejam tomadas também de forma isenta, para que reais responsabilidades sejam apuradas, além de proporcionar condições para amenizar os danos causados e fornecer subsídios que ajudem a criar procedimentos que minimizem o risco de que o fato se repita em empreendimentos semelhantes”.

Para incentivar a participação de todos, Viviane faz um convite na página do Giaia no Facebook: “Juntos, vamos mostrar para o Brasil e para o mundo que não vamos mais tolerar o desrespeito pela nossa biodiversidade e a impunidade, e que nossa maior arma é o conhecimento e o amor que sentimos pela natureza“.

Se você também acredita nisso e gostou da iniciativa, participe da campanha e espalhe todos os links do Giaia em suas redes.

Foto: Fred Loureiro/Fotos Públicas

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