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É difícil assistir a “Xamã – No Rastro da Onça” e não se emocionar. Não chorar junto com Elaine Dione, médica veterinária da Universidade Federal do Mato Grosso, uma das profissionais que atendeu o então filhote de onça-pintada logo quando ele foi resgatado, em 2022. Seu depoimento faz parte do documentário que acaba de ser lançado pela Proteção Animal Mundial, em parceria com o Onçafari, organizações responsáveis pelos cuidados e reintrodução de Xamã, dois anos depois, na Amazônia.
Acompanhamos aqui no Conexão Planeta a história desse filhote desde foi encontrado por cães, assustado e sozinho, numa propriedade particular na região de Sinop, no Mato Grosso. Na época tinha cerca de dois meses e estava desnutrido e desidratado (leia mais aqui).
Após ter sido decidido que ele deveria retornar à natureza quando ficasse adulto, Xamã passou a ser cuidado pela equipe do Onçafari, que tem grande experiência na reintrodução de onças-pintadas, tanto no Pantanal, como no bioma amazônico (as fêmeas Pandora e Vivara já tinham passado pelo mesmo processo, em 2019).
Quando tinha aproximadamente oito meses então, Xamã foi levado para um recinto de reabilitação do Onçafari, de 15 mil m2, no meio da mata, no sul do Pará. Desde que chegou ao local, ele foi treinado, mesmo que só de longe, a desenvolver seus instintos naturais e assim, conseguir sobreviver na vida livre. O contato com os seres humanos era mínimo, somente o absolutamente indispensável, essencial para evitar o chamado imprinting, termo usado para descrever o apego do animal com seus cuidadores.
Todo esse trabalho culminou com sua soltura, em outubro de 2024, quando Xamã se tornou o primeiro macho de onça-pintada a ser reintroduzido na Amazônia. E essa trajetória emocionante que o filme da Proteção Animal Mundial conta, através de imagens lindas e depoimentos de todos aqueles que se esforçaram para que esse animal pudesse viver livre, na natureza.
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Foto: Noelly Castro/Proteção Animal Mundial
Dirigido pela cineasta Emi Kondo, o documentário disponível no YouTube, mas que compartilhamos ao final deste texto, tem duração de 15 minutos. Ele começa mostrando como Xamã e outros milhares de espécies da nossa fauna são vítimas de incêndios florestais, consequência da expansão agropecuária no país.
“Em 2022, ano em que o Xamã foi encontrado, o Mato Grosso foi o estado que mais queimou no país. A área queimada foi equivalente a quase o tamanho da Dinamarca. A gente perde uma geração inteira na floresta”, diz Júlia Trevisan, bióloga e coordenadora de vida silvestre na Proteção Animal Mundial.
Além de Elaine Dione, o filme conta com o relato de Leonardo Sartorello, coordenador de reintrodução do Onçafari, e de Júlia. Os três profissionais participaram das etapas decisivas que permitiram o resgaste e a reintrodução de Xamã na Amazônia.
“Xamã: no rastro da onça” faz parte da campanha da Proteção Animal Mundial alertando sobre os impactos do agronegócio na vida de animais silvestres, tendo como consequência a defaunação.
Assista abaixo o documentário:
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Foto de abertura: Noelly Castro/Proteção Animal Mundial