
Já tem dois anos que acompanhamos aqui no Conexão Planeta a história da Paty. Essa peixe-boi foi resgatada, ainda filhote, em 2014, no litoral norte de Alagoas, bastante debilitada. Cinco anos depois, mais forte, ela foi transferida para a área de Porto de Pedras, onde ficaria num recinto de aclimatação para que fosse preparada para ser devolvida à natureza. Os planos eram para que, em 2021, a fêmea fosse reintroduzida na vida selvagem.
Entretanto, antes disso, os veterinários se depararam com uma surpresa. Após passar algum tempo com o macho Raimundo, Paty acabou engravidando. Decidiu-se então pelo adiamento da soltura. Em abril de 2022, nasceu o filhote no recinto de aclimatação, um registro até então inédito no mundo. Infelizmente a alegria durou pouco. Poucos dias depois, Flori, como tinha sido batizada a jovem fêmea, morreu. Ela ficou presa em galhos de mangue embaixo da água. A morte por afogamento foi confirmada por uma necropsia (leia mais aqui).
No final daquele ano, foi realizada a primeira tentativa de soltura de Paty para que ela pudesse seguir para mar aberto. Entretanto, sua adaptação à vida selvagem não foi boa e ela precisou ser retornada para o recinto. E novamente, há poucos meses, em março de 2024, houve um novo processo de reintrodução. Contudo, desde então, ela tem se limitado a ficar entre o ambiente de aclimatação onde viveu e o rio Tatuamunha.
A equipe técnica do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) está monitorando atentamente o comportamento de Paty e ainda fornece alimentação com frequência para que ela não corra o risco de ficar desnutrida.
Todavia, há uma boa notícia: a fêmea encontrou outros peixes-bois no rio parece ter gostado das novas companhias. Foi até flagrada em uma tentativa de cópula.
“O comportamento de Paty está dentro do esperado. Claro que ficaria mais protegida se ganhasse o mar aberto, mas isso ainda não é motivo de preocupação”, explica Fernanda Attademo, veterinária do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos (CMA/ICMBio). “Se Paty optar por permanecer no rio, não há problema algum. Ali vai encontrar alimento e poderá conviver com outros peixes-boi”.
O dócil peixe-boi, ameaçado de extinção
Extremamente dócil, o peixe-boi-marinho (Trichechus manatus) é um gigante das águas. Pode chegar a pesar 600 quilos e medir até 4 metros de comprimento.
Infelizmente, a espécie está ameaçada de extinção. Segundo a organização internacional União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), que classifica animais em risco de desaparecer, o peixe-boi-marinho é considerado vulnerável.
No Brasil, o peixe-boi-marinho pode ser encontrado ao longo do litoral Norte e Nordeste, do Amapá até Alagoas. No entanto, especialistas estimam que existam apenas mil indivíduos neste trecho da costa, um número bastante pequeno, que gera preocupação.
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Foto de abertura: Geylson Paiva