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Construção de torre em área de corais no Taiti para provas de surfe nas Olimpíadas gera críticas

Construção de torre em área de corais no Taiti para provas de surfe nas Olimpíadas gera críticas

Embora a sede dos Jogos Olímpicos 2024 que começam no final de julho sejam em Paris, por motivos óbvios, as provas de surfe não serão realizadas na França, mas na Polinésia Francesa, mais especificamente, em Teahupo’o, no Taiti, onde competições da modalidade já foram feitas no passado.

Assim como toda a região, essa que é a maior ilha do arquipélago que fica no Oceano Pacífico, abriga uma biodiversidade enorme e frágeis ecossistemas, entre eles, recifes de corais. Todavia, a construção de uma nova torre onde os juízes ficarão avaliando as manobras dos surfistas está gerando muitas críticas de ambientalistas.

Atualmente já existe uma torre de madeira utilizada pela Liga Mundial de Surfe, mas de acordo com avaliação da entidade, está com 20 anos e não tem mais condições de ser utilizada, pois sofre com corrosão e colocaria em risco a segurança dos juízes.

A nova torre, com custo estimado de US$ 5 milhões, será menor e mais leve, mas ainda assim, com 9 toneladas, e os corais sobre o qual ela estará instalada serão removidos e replantados em outro lugar, garante a organização dos jogos.

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Apesar de o Comitê Olímpico de Paris, o governo da Polinésia e o Alto Comissariado local afirmarem que todos os cuidados estão sendo tomados para reduzir ao máximo o impacto ambiental provocado pelas obras da torre, pesquisadores de diversas instituições internacionais, entre elas, a Universidade do Havaí em Mānoa e organizações do Taiti, criticam a decisão.

“Esperamos que o Comitê Olímpico Internacional, os responsáveis governamentais competentes e a comunidade internacional em geral possam ver quão devastador será este impacto não só para o valioso habitat dos recifes de coral, mas também para a comunidade local que depende deste recife para a sua subsistência e bem-estar”, diz John Burns, professor de Ciências Marinhas e de Dados da Universidade do Havaí de Hilo e autor principal de um estudo sobre a torre.

Os cientistas avaliaram toda a área da lagoa de Teahupo’o que será dragada para acomodar o transporte de materiais por barcaças para a construção da torre. Segundo eles, o impacto direto será sobre 2.500 m2 do recife.

Ainda segundo a análise, o local onde a torre será erguida abriga mais de 1 mil corais de 20 espécies diferentes.

“Embora o valor desses organismos nunca seja totalmente representado através de lentes capitalistas, nossos dados mostram que o valor apenas dos corais e algas nesta pequena porção do recife é estimado em pelo menos US$ 170 mil”, ressalta Haunani Kane, professor de Ciências da Terra na Escola de Ciências e Tecnologia do Oceano e da Terra em Universidade de Mānoa.

“Existem alternativas à construção de uma nova torre, como utilizar a torre existente”, reforça  Cliff Kapono, pesquisador da Universidade do Arizona.

Construção de torre em área de corais no Taiti para provas de surfe nas Olimpíadas gera críticas

Local onde serão realizadas as provas de surfe das Olimpíadas 2024
Foto: ISA / Diego Weisz

Infelizmente, parece que o Comitê Olímpico não voltará atrás. No final do ano, a Associação Internacional de Surfe (ISA, na sigla em inglês) sugeriu que os juízes avaliassem as provas através de uma torre na areia e ainda, com imagens obtidas por drones e gravações feitas em barcos para a transmissão da competição, algo que foi descartado.

A alegação é que as ondas em Teahupo’o ficam a 750 metros do ponto mais próximo da areia e a distância não garante boa visibilidade para os juízes.

*Com informações e entrevistas no texto divulgado pela Universidade do Havaí

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Foto de abertura: ISA / Pablo Jimenez

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