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Conceição Evaristo será primeira mulher negra a receber o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal do Paraná

Conceição Evaristo será primeira mulher negra a receber título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal do Paraná

Antes de terminar o ano, mais uma notícia boa para a cultura: a escritora mineira Conceição Evaristo – Maria da Conceição Evaristo de Brito – foi aprovada pelo Conselho da Universidade Federal do Paraná (UFPR), por unanimidade, para receber o título de Doutora Honoris Causa. E, assim, será a primeira mulher negra agraciada com tal distinção. 

O processo foi iniciado em julho deste ano pelo professor José Roberto Braga Portella, Chefe do Departamento de História, e submetido ao Conselho Setorial de Ciências Humanas. A iniciativa reuniu Uma iniciativa em conjunto com o Departamento de História (Dehis), o Núcleo de Estudos de Gênero, os Departamento de Letras Estrangeiras Modernas, de Literatura e Linguística, de Polonês, Alemão e Letras Clássicas, de Ciências Sociais, além do Setor de Educação e da Superintendência de Inclusão, Políticas Afirmativas e Diversidade.

Em nota, o Conselho Universitário declarou que, em toda sua trajetória, a universidade concedeu 62 títulos Honoris Causa, sendo 6 para mulheres (brancas) e 56 para homens (51 brancos), e decidiu pela reparação.

“Nesse sentido, torna-se urgente que a Universidade realize essa reparação histórica não apenas na concessão de títulos, mas sobretudo reconhecendo e questionando as regras e dinâmicas sociais, culturais, econômicas e políticas que dificultam o acesso das mulheres, em especial as negras, dentro e fora do mundo acadêmico”.

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O órgão ainda destaca a importância de reconhecer o talento da “grande intelectual, artista e figura pública”, que é Evaristo, além de convidar a sociedade para refletir sobre “as dificuldades encontradas pelas mulheres, em especial as negras e periféricas, em serem reconhecidas pelo seu trabalho intelectual”. E ainda destacou que a escritora mineira levou 44 anos para conseguir “publicar sua primeira obra e mais de 30 anos para alcançar visibilidade”.

Trajetória

Nascida em Belo Horizonte em 29 de novembro de 1946, Conceição Evaristo formou-se no magistério e mudou-se para o Rio de Janeiro aos 27 anos, onde , onde permaneceu até 2006.

Enquanto isso, cursou Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),formando-se em 1990. Seis anos depois, tornou-se mestre em Letras-Literatura Brasileira pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e, em 2011, concluiu o doutorado em Letras-Literatura Comparada na Universidade Federal Fluminense (UFF).

Seus primeiros textos literários (poemas) foram publicados em 1990 na série Cadernos Negros, do Grupo Quilombhoje. E seu primeiro (e mais famoso) romance – Ponciá Vicêncio – foi publicado em 2003, pela editora mineira Mazza. Em 2017, ele foi relançado pela Pallas Editora, assim como Becos da Memória, escrito de 1970 a 1980 – que ficou engavetado até sua primeira publicação em 2006. 

Em 2015, a escritora ganhou o Prêmio Jabuti de Literatura, na categoria Contos e Crônicas, com a obra Olhos d’Água, de 2014.

Apesar de consagrada como escritora, em 2018 Conceição Evaristo não foi eleita pela Academia Brasileira de Letras, que escolheu o cineasta Cacá Diegues.

Em setembro deste ano, conquistou o prêmio Juca Pato – Intelectual do Ano de 2023, concedido pela União Brasileira de Escritores (UBE), como contamos aqui.
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