
São muitos os animais e plantas na natureza que apresentam a habilidade de produzir luz, todavia, essa é a primeira vez que cientistas descobrem que as penas da coruja-de-orelha são fluorescentes. Exames realizados em laboratório por pesquisadores da Escola de Artes e Ciências da Universidade de Drexel, na Pensilvânia (EUA), revelaram a presença de pigmentos fluorescentes nas asas da ave.
A ornitologista Emily Griffith, principal autora do estudo, e seus colegas analisaram penas internas coletadas de 99 corujas-de-orelha (Asio otus) durante o período de migração da espécie. Eles queriam entender também a função dessa luz cor-de-rosa, que pode ser vista apenas entre esses animais e é invisível para os olhos humanos.
Para realizar a pesquisa, a equipe usou um fluorímetro – dispositivo que mede a fluorescência ou luz emitida após a absorção de radiação, como a luz UV – para medir a variação na quantidade de pigmentos fluorescentes nas penas das corujas-de-orelha.

Foto: Chris Neri
Apesar de em muitas espécies da fauna, a coloração diferenciada funcionar como um meio do macho atrair a atenção da fêmea, Emily acredita que esse não seja o caso dessas corujas. “Nosso estudo mostra que as corujas-de-orelhas fêmeas têm uma concentração muito maior desses pigmentos em suas penas, desafiando um equívoco comum de que plumagem colorida é uma característica ‘masculina’”, diz ela. “Além disso, essa característica não segue uma binaridade estrita – a quantidade de pigmentos fluorescentes nessas corujas existe em um espectro em que a quantidade de pigmento está relacionada ao tamanho, à idade e ao sexo, todos juntos.”
O estudo, publicado no Wilson Journal of Ornithology, demonstrou que não apenas as fêmeas possuem cores mais vibrantes, mas ainda que a intensidade da fluorescência se dissipa com o passar dos anos.
“Estamos apenas começando a descrever pigmentos fluorescentes em aves e outros vertebrados”, destaca a ornitologista. “Embora seja importante descrever em quais espécies eles estão presentes, para entender sua função, precisamos também descrever como eles variam dentro de uma espécie como a coruja-de-orelha.”

Foto: Chris Neri
Os pesquisadores ressaltam que a fluorescência não é uma novidade no mundo animal, mas só agora existem tecnologias que possibilitam a ciência descobri-la e estudá-la. Bem recentemente, inclusive, outro grupo de cientistas anunciou que as chamadas aves-do-paraíso possuem biofluorescência. Diferentemente do fenômeno observado nas corujas-de-orelha, nessas outras ele é especialmente proeminente em machos, sobretudo na plumagem, mas também na parte interna da boca e do bico, pés e penas na cabeça, pescoço e barriga.
“Muito pouco se sabe sobre pigmentos fluorescentes em penas de pássaros, e as corujas não são as únicas com eles”, destaca Emily. “Portanto, este é um momento realmente empolgante para se interessar pelo estudo da plumagem de pássaros.”
Também chamada de bufo-pequena, coruja-pequena ou mocho-pequeno, a coruja-de-orelha é encontrada em países da Europa e da América do Norte. Tem os olhos cor-de-laranja e pequenos tufos sobre a cabeça. vulgarmente designados de orelhas, que as diferenciam de outras espécies. A envergadura de suas asas é de 86 a 98 centímetros.
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Foto de abertura: caroline legg, CC BY 2.0 via Wikimedia Commons (coruja) e Chris Neri (penas fluorescentes)