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Colônia de elefantes-marinhos da Argentina pode demorar um século para se recuperar após epidemia de gripe aviária

Colônia de elefantes-marinhos da Argentina pode demorar um século para se recuperar após epidemia de gripe aviária

Os números eram estarrecedores. Mais de 17 mil filhotes de elefantes-marinhos-do-sul mortos pela gripe aviária. A tragédia foi relatada no início de 2024, pela Wildlife Conservation Society (WCS). Os animais faziam parte de uma colônia da espécie, a Mirounga leonina, na Península Valdés, na Patagônia Argentina. Segundos os pesquisadores da organização, 95% dos filhotes nascidos na costa argentina na temporada reprodutiva anterior foram vítimas do vírus H5N1, que provoca a influenza aviária de alta patogenicidade.

Agora, pouco mais de um ano após a tragédia, um estudo prevê que pode levar até um século para que essa colônia de elefantes-marinhos-do-sul se recupere. Segundo a análise dos autores do artigo, se a epidemia de gripe aviária tivesse matado apenas filhotes, a população futura poderia se recuperar para os níveis de 2022 (18 mil fêmeas adultas) já em 2029 ou no mais tardar, em 2051.

Os biólogos explicam que a mortalidade infantil é naturalmente sempre alta, todavia, a doença pode ter afetado uma parte significativa da população de fêmeas reprodutoras, então a recuperação dos números da população só se daria em 2091. E se houve a morte de machos, o cenário fica ainda pior.

“Com décadas de crescimento, o elefante-marinho-do-sul da Península Valdés era uma população saudável e protagonista de espetáculos naturais incríveis. Até que a gripe aviária de 2023 deixou milhares de filhotes mortos e nossos olhos marejados”, diz Valeria Falabella, diretora de conservação costeira-marinha da WCS Argentina e coautora do estudo.

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No ano passado, o impacto já foi sentido no período de reprodução da espécie. Registrou-se uma queda de 67% na presença de fêmeas nas praias – 2.256 em 2024 em relação a 6.938 mulheres em 2022. A redução pode não ter como única consequência a gripe aviária, mas certamente ela foi uma das responsáveis por uma mudança tão significativa nesses números.

“A gripe aviária demonstrou de forma contundente o impacto devastador que as doenças infecciosas podem ter sobre as populações de animais selvagens. É provável que esses efeitos se intensifiquem nas condições atuais e projetadas de mudanças climáticas. É imperativo que fortaleçamos significativamente nossos esforços de prevenção a montante para mitigar riscos futuros”, alerta Marcela Uhart, diretora do Programa para a América Latina da Universidade da California, Davis, e coautora do estudo.

Colônia de elefantes-marinhos da Argentina pode demorar um século para se recuperar após epidemia de gripe aviária
Registro das mortes de elefantes-marinhos na Península Valdés em outubro de 2023
Foto: Marcela Uhart – UC Davis

Já se sabe que, embora inicialmente a gripe aviária só fosse transmitida entre aves, sobretudo as aquáticas, atualmente o vírus já atinge mamíferos. Na América do Sul, onde estima-se que mais de 500 mil aves morreram só em 2023, também foram documentados óbitos entre lobos-marinhos e pinguins.

“Somente populações resilientes, com números saudáveis ​​e ampla distribuição, podem sobreviver a essas ameaças e permanecer a salvo da maioria das muitas causas de mortalidade associadas às atividades humanas, como pesca de alto impacto, agricultura e mineração em larga escala e poluição. No entanto, quanto mais o aquecimento global e a acidificação dos oceanos estiverem fora de controle, pior será para a biodiversidade em geral, tornando as epidemias um caminho para potenciais extinções“, adverte  Claudio Campagna, da WCS Argentina e principal autor do artigo, publicado na Marine Mammal Science.

*Com informações e entrevistas contidas no texto de divulgação da WCS

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Fotos de abertura: Adriana Sanz

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