O glifosato é o principal ingrediente ativo de diversos pesticidas e herbicidas, entre eles, o Roundup, fabricado pela Monsanto, que está respondendo, nos tribunais americanos, a uma série de processos de pacientes com câncer, que afirmam terem desenvolvido a doença devido ao uso do agrotóxico (leia mais sobre o assunto nesta outra reportagem ).
Registrado em 130 países, o glifosato tem sua utilização aprovada para mais de 100 cultivos diferentes. Todavia, em um relatório publicado em 2015, a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou que ele pode provocar câncer em animais tratados em laboratório e é um potencial causador de alterações na estrutura do DNA e cromossomos das células humanas.
Mas há uma luz (natural) no fim do túnel. Pesquisadores da Universidade de Tübingen, na Alemanha, descobriram uma molécula de açúcar que inibe o crescimento de plantas e microorganismos e é inofensiva aos seres humanos. A esperança dos cientistas é que ela possa se tornar uma alternativa ao glifosato.
A substância natural foi obtida de uma cianobactéria (organismos que realizam fotossíntese e se assemelham a algas unicelulares), a Synechococcus elongatus, proveniente de água doce.
Os pesquisadores já realizaram os primeiros testes, em laboratório, com embriões de peixes, que nada sofreram em contato com a molécula. Segundo Klaus Brilisauer, um dos autores do estudo, novos experimentos serão feitos para, só depois, ser pedida a autorização para o uso da mesma como herbicida.
“A longo prazo, o glifosato vai desaparecer do mercado de toda forma”, afirmou Brilisauer, em entrevista ao site Deutsche Welle.
Atualmente, vestígios desse agrotóxico podem ser encontrados em praticamente todos os alimentos e bebidas que ingerimos. Desde cereais consumidos por crianças no café da manhã até cervejas e vinhos.
Recentemente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou que o “glifosato continuará a ser permitido no Brasil, já que não há evidências científicas de que ele cause câncer, mutações ou má formação em fetos”. Desde 2008, a reavaliação toxicológica da substância era analisada.
A decisão não causa grande surpresa quando sabe-se que nosso país
consome 1/5 dos agrotóxicos produzidos no mundo e cerca de 1/3 deles é proibido na Europa.
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Foto: divulgação Universidade de Tübingen