A pergunta que continua sem resposta: porque não se escuta à ciência? Chegou-se ao conhecimento público recentemente um estudo, publicado em 2007 – isso mesmo, há 13 anos -, em que um grupo de cientistas chineses fez um grave alerta de que o hábito de consumir a carne de animais exóticos naquele país era uma bomba-relógio para a disseminação do SARS-Cov porque o morcego é um enorme reservatório desse tipo de vírus.
O artigo científico publicado na American Society for Microbiology fazia a seguinte pergunta: “Devemos estar prontos para uma nova emergência de SARS?”
O SARS-Cov é um vírus identificado em 2003. Inicialmente seu “habitat” são animais, mas descobriu-se que ele também infecta humanos através do contato com os primeiros. Uma epidemia de SARS, que começou em Guanddong, na China, afetou 26 países e resultou em mais de 8 mil casos há 17 anos.
O novo coronavírus, o COVID-19, pertence à mesma família do SARS, e como os demais, afeta sobretudo as vias respiratórias. A atual pandemia mundial já contaminou 235 mil pessoas, provocou a morte de quase 10 mil e obrigou países inteiros a entrar em quarentena (veja números atualizados aqui).
Em 2007 já havia o alerta sobre umA possível nova epidemia de SARS
No final de fevereiro, quando o surto do coronavírus já tinha atingido seu ápice na China, o governo daquele país decidiu proibir o consumo de animais selvagens. A decisão incluiu a caça, o comércio, o transporte e o consumo de todos os animais selvagens terrestres, criados em cativeiro ou capturados, como burros, morcegos, veados e pangolins.
Infelizmente, perante a pandemia global, a medida foi tomada tarde demais.
Alertas de cientistas constantemente ignorados
O que mais causa consternação no caso do alerta acima, feito por cientistas em 2007, é que ele foi completamente desprezado.
E ele não foi o único.
Na semana passada, um editorial da renomada revista Science criticou o total desprezo às evidências científicas e cortes em pesquisas feitos pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que agora pede pressa no desenvolvimento de uma vacina contra o COVID-19.
No texto, o cientista e editor-chefe da publicação, Holden Thorp, diz ““Faça-nos um favor, presidente. Comece a tratar a ciência com respeito”. No artigo, destaca-se como, ao longo dos últimos quatro anos, Trump tem repetido, por exemplo, como o aquecimento global não existe e como menosprezou a opinião de cientistas em órgãos governamentais.
O desprezo pela ciência se repete também no Brasil, onde o presidente Jair Bolsonaro afirmou, muitas vezes, que a pandemia do coronavírus era um “estardalhaço da mídia” e ignorou as recomendações de médicos e especialistas sanitários e incentivou aglomerações de pessoas, durante as manifestações pró-governo, no último final de semana, e saiu pelas ruas apertando a mão da população – um ato de completa irresponsabilidade, duramente criticado dentro e fora do país.
Outro caso, idêntico, de como se tem ignorado a ciência e sofrido as consequências por isso, aconteceu na Austrália, durante a última e trágica temporada dos incêndios florestais. Em 2007, os cientistas do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática da ONU) falaram, relataram e fizeram alertas em seu 4o. relatório de avaliação.
O documento já revelava um panorama perigoso e destacava o impacto do aquecimento global relacionado ao fogo, destacando o risco de incêndios naquele país. Ao mesmo tempo, o primeiro-ministro, Scott Morrison negava os efeitos da crise climática, continuava investindo na exploração de combustíveis fósseis e ia contra políticas de redução de gases de efeito estufa (leia mais nesta outra reportagem).
Até quando?
Até quando líderes globais continuarão ignorando os alertas da ciência e deixando que milhares de pessoas percam suas vidas e o planeta seja impactado?
*Com informações da Organização Mundial de Saúde
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Foto: Department of Environment & Primary Industries/Creative Commons/Flickr
Concordo mas a ciência e os cientistas não podem se tornar uma religião, com dogmas inquestionáveis e autoridades que se acham acima de tudo que é humano. Não é por acaso que ciência, religião e política tem seus códigos de ética particulares e corporativistas, com uma moral própria, apartada e até conflitante com a que é compartilhada na sociedade.
Se numa situação como a que o mundo todo está enfrentando, tanto à religião como a política, tem que se curvar à ciência. Todas tem de andar lado a lado, cientes de seus verdadeiros papéis !
Lamentável e que políticos sem cultura e escrúpulos possam dirigir países e tomar decisões que tocam todos. Lamentável e que lideres religiosos se queiram afirmar como os salvadores da pátria sem bases que fundamentem inquestionavelmente as suas afirmações. Quanto a ciência e cientistas, são pessoas que estudaram, se especializaram nas mais diversas áreas e que nas matérias a que diz respeito, são a maior autoridade a nível Mundial. Portanto nao questione aqueles que com todo o direito afirmam através de estudos sustentados em factos, sobre as diferentes matérias abordadas. Esses são sem margem de duvida dos 3 grupos os únicos com credibilidade para questionar políticos e suas politicas bem como vendedores da cobra que e o caso das maiorias religiosas.
Infelizmente essa é uma realidade constante do ser humano: ignorar as evidências não só da ciência, mas as orientações de Deus.
Queria apenas discordar de uma colocação referente ao presidente.
O presidente fez um pronunciamento dia 12 de março (https://redenacionalderadio.com.br/convocacao-de-rede/rede-obrigatoria/12-03-20-pronunciamento-do-presidente-jair-bolsonaro)
“…incentivou aglomerações de pessoas, durante as manifestações pró-governo, no último final de semana…”
Não vi incentivo do mesmo pra população sair para as ruas, pelo contrário pediu a população pra ficar em casa.
Mas ele não podia obrigar as pessoas a ficarem em casa.
Deveria obedecer as recomendações médicas.
A natureza prodigaliza fartura e variedade em cada grão porque “na terra, em nela se plantando tudo dá”, eis a questão. No entanto o ser humano continua sendo o primitivo homem das cavernas, portando celular, vestindo terno e gravata mas se alimentando dos despojos de animais, exatamente como o faziam seus bárbaros ancestrais. Itens macabros e esdruxulos continuam sendo degustados por conta dessa fome insaciável de consumir o sangue e a carne dos animais, pouco ou nada importando a especie, ainda que milhares de opções nutritivas, saborosas e saudáveis se lhes apresentem, coloridas e variadas brotando, exuberantes da sagrada e bendita terra para que as usemos, compartilhando a colheita e distribuindo as frutificacoes. Ainda não somos os racionais que pensamos ser e anos luz nos separam dos superiores que erroneamente nos julgamos, presunçosos, vaidosos, egoístas e tolos. Temos o que merecemos, nem mais nem menos, prova disso está aí, colhemos o que plantamos.
Li atentamente as respostas dadas aqui nos comentários, falou-se de tudo e todos, menos, dos principais responsáveis por tudo de ruim que o mundo vem passando, os chineses!
Os péssimos hábitos alimentares desse povo, comem cachorro, gato, insetos, etc… e, morcegos!!!!!
Animal que tem o covid no organismo.
Que medo (ou conivência?) é esse que o resto do mundo tem em apontar os culpados?
A China deveria indenizar o mundo, e não, ser protegida pela OMS como tem acontecido.
Não tenho nada contra o povo chinês, eles, assim como o resto do mundo, são vítimas do governo comunista que vivem.
#VirusChines