Para quem viu o filme “Não Olhe para Cima”, a cena ocorrida há poucos dias na frente de um banco em Los Angeles fez lembrar o momento em que a cientista Kate Dibiasky, interpretada pela atriz Jennifer Lawrence, tem um ataque histérico durante uma entrevista a um programa de televisão e aos gritos, alerta todos, que um meteoro – uma clara metáfora à crise climática -, vai acabar com o planeta. Pois bem, na vida real, quem fez o alerta desesperado foi o pesquisador Peter Kalmus, que trabalha na da Agência Espacial dos Estados Unidos, a Nasa.
No dia 6 de abril, o cientista que faz parte do movimento Scientist Rebellion, participou de uma manifestação ao lado de outros vários colegas na porta de entrada da sede do JPMorgan Chase no centro de Los Angeles, na Califórnia. O banco é considerado o maior investidor em combustíveis fósseis do setor financeiro. Só em 2020, fez um aporte de US$ 51 bilhões em empresas petrolíferas.
Kalmus e outros três cientistas se acorrentaram à porta do banco. Vestindo jalecos brancos, com o logo do grupo Extinction Rebellion, colocaram no chão um grande cartaz que dizia “Chase, pare de financiar a crise!”. Antes de ser retirado dali pela polícia e levado para uma delegacia, o pesquisador da Nasa fez um discurso emocionado.
“Estou aqui porque os cientistas não estão sendo ouvidos. Estou disposto a me arriscar por este lindo planeta… e por meus filhos”, disse com a voz embargada. “Estamos alertando vocês há tantas décadas que estamos caminhando para uma catástrofe. E estamos sendo ignorados. Os cientistas estão sendo ignorados. E isso precisa parar. Vamos perder tudo. E não estamos brincando. Não estamos mentindo, não estamos exagerando e isso tudo é muito ruim”.
I’m grateful we tried. Man, oh, man, did we try. pic.twitter.com/TlYrwwGB8v
— Peter Kalmus (@ClimateHuman) April 11, 2022
Kalmus é um cientista do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa. Ele usa dados e modelos de satélite para estudar a Terra, com foco na previsão da biodiversidade, nuvens e extremos climáticas. O pesquisador é formado em Física pela Universidade de Harvard e possui um PhD, também em Física, pela Columbia University, algumas das mais renomadas instituições de ensino dos Estados Unidos.
É autor do livro “Being the Change: Live Well and Spark a Climate Revolution“ e é co-fundador do Climate Ad Project, uma organização que cria anúncios de conscientização sobre a crise climática, bem como do Earth Hero, um aplicativo que reúne ativistas para lutar contra as mudanças climáticas.
Kalmus é pai de dois filhos e tenta ao máximo reduzir sua pegada de carbono. Não viaja de avião, usa bicicleta e só anda com seu carro, elétrico, quando necessário.
O protesto em Los Angeles foi organizado propositalmente dois dias após a divulgação do mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), em que os cientistas da ONU afirmaram que a última década teve o maior crescimento de emissões da história humana: 9,1 bilhões de toneladas a mais do que na década anterior.
Ato realizado por cientistas na Espanha
(Foto: reprodução Facebook Scientist Rebellion)
Além da manifestação na Califórnia, mais de 1 mil cientistas em diversos países, envolvidos no movimento Scientist Rebellion (um novo braço do Extinction Rebellion), têm ido às ruas para protestar e chamar a atenção de governantes e da população. Um último gesto desesperado para que a ciência seja ouvida e possamos salvar nosso planeta.
Protesto de cientistas em frente ao Ministério de Assuntos Econômicos e Proteção Climática na Alemanha
(Foto: reprodução Facebook Scientist Rebellion)
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Em tempos apocalípticos, quem defende o Planeta vai preso.
Triste realidade, você tem toda razão!
Eles tem toda razão,fazendo esses protesto.
A Bíblia já profetizou que o mundo será destruído em breve.
Muitas pessoas não creem na biblia por isso,espero que eles acreditem nos cientistas.