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“Ciência e Fé” é o novo mural que Kobra deu como presente a São Paulo

"Ciência e Fé" é o novo mural que Kobra deu como presente a São Paulo

Em tempos de tanto negacionismo, obscurantismo e por que não, ignorância, a ciência tem sido alvo de constantes ataques na sociedade brasileira. Antes mesmo da pandemia, o investimento no setor pelo governo tinha não apenas deixado de ser priorizado, como reduzido. Houve corte de orçamento em instituições fundamentais para a realização de estudos e pesquisas no país. Ofensas pessoais foram direcionadas a profissionais renomados, como por exemplo, Ricardo Galvão, ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que foi exonerado do cargo por divulgar dados sobre o desmatamento da Amazônia. Com a chegada do novo coronavírus, colocou-se em dúvida então o conhecimento dos profissionais de saúde, a real letalidade do vírus e a eficácia das vacinas…

Como enfrentar tanta escuridão? Para o artista plástico Eduardo Kobra, com “Ciência e Fé”. Este é o nome do novo mural que ele criou para presentear a cidade de São Paulo, que completou 468 anos no último dia 25 de janeiro. Ele grafitou, numa das fachadas do Hospital das Clínicas, uma instituição de saúde e ciência, que é referência no país, mãos de um médico, fazendo uma prece.

“Parabéns, São Paulo, minha cidade natal, pelos 468 anos! Meu presente é este mural de 200 metros quadrados, inaugurado agora em uma das fachadas do Hospital das Clínicas, centro médico reconhecido internacionalmente. Chama-se ‘Ciência e Fé’, e sua mensagem é direta: não existe nenhuma contradição entre acreditar em Deus e na medicina. Espero que esta obra dê um toque de esperança a todo os que precisarem recorrer a esse importante hospital — e simbolize a nossa gratidão aos profissionais que trabalham ali”, escreveu Kobra em suas redes sociais.

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Em 2020, Kobra já tinha focado no tema “religião e pandemia”. A obra mostrava cinco crianças, de diferentes raças e etnias, vestindo máscaras de proteção com diversos símbolos religiosos.

“Vamos vencer isto juntos, mas separados. Ou separados — por isso juntos. Nestes tempos de necessário isolamento social, é preciso ter . Independentemente da nossa localização geográfica, de nossa etnia e de nossa religião, estamos unidos em uma mesma oração: que Deus inspire os cientistas para que encontrem a solução para esta pandemia — e conforte nossos corações para que tenhamos forças e sigamos juntos como humanidade”, disse ele na época.

Como já contei antes, em outros post sobre ele, Kobra é um artista autodidata. Nasceu no Jardim Martinica, bairro pobre da periferia de São Paulo.  A paixão pelo desenho, do filho de um tapeceiro e uma dona de casa, apareceu já na adolescência, quando pichava muros, o que lhe rendeu três detenções.

Atualmente, com suas obras gigantescas e coloridas, o brasileiro é um dos artistas de rua mais conhecidos do mundo. Seus murais estão espalhados por cidades daqui e de outros 17 países. Em 2018, foi eleito uma das personalidades do ano em Nova York, pela revista Time Out.

Sempre engajado em causas sociais e ambientais, seus murais mostram constantemente questões relacionados ao meio ambiente, proteção dos povos indígenas, educação, feminismo e direitos humanos.

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Foto: divulgação Eduardo Kobra

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Sandra
Sandra
3 anos atrás

Parabéns ao artista que, fiel à realidade mundial da pandemia, em que nos debatemos, náufragos apocalípticos em busca do Porto Seguro, soube aliar a sabedoria da Ciência ao estoicismo da Fé, nas mãos unidas em prece, sob as bênçãos de Deus. Maravilha.

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