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Chanceler alemã diz que situação do Brasil, em direitos humanos e meio ambiente, é dramática e quer que Bolsonaro se explique no G20

Ontem, 26 de junho, em sessão no Parlamento em Berlim, Angela Merkel revelou sua preocupação com o Brasil sob o governo Bolsonaro, ressaltando que quer ouvir e conversar com o presidente durante a cúpula de líderes do G20 grupo que reúne as principais economias do mundo -, que será realizada amanhã e domingo em Osaka, Japão. Ela disse ver a situação do Brasil como dramática no que tange as questões ambientais e aos direitos humanos.

“Eu, assim como você, vejo com grande preocupação a questão da atuação do novo presidente brasileiro. E a oportunidade será utilizada, durante a cúpula do G20, para falar diretamente sobre o tema, porque eu vejo como dramático o que está acontecendo no Brasil”, afirmou Merkel.

Sua declaração foi uma resposta à deputada do Partido Verde, Anja Hajduk, que questionou o governo alemão a respeito de sua participação nas negociações de livre-comércio entre União Europeia (UE) e Mercosul – formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai -, já que o Brasil tem sido denunciando constantemente por defensores dos direitos humanos, ambientalistas e cientistas, desde que Bolsonaro assumiu o governo.

Para Hajduk, a UE deveria pressionar países da América do Sul que não respeitam os direitos humanos e não protegem o meio ambiente. Merkel procurou separar o acordo com o bloco de países sul-americanos de sua visão a respeito do nosso país, declarando-se favorável a uma aproximação com o Mercosul.

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Para a chanceler, desprezar o acordo com o bloco não é a melhor resposta para o que acontece no Brasil, e confirmou seu apoio para que as negociações de livre-comércio – que se arrastam há mais de duas décadas – se resolvam em breve.

“Eu não acredito que não levar adiante um acordo com o Mercosul vá fazer com que um hectare de floresta não seja derrubado no Brasil, pelo contrário”, completou. “Eu vou fazer o que for possível, dentro das minhas forças, para que o que acontece no Brasil não aconteça mais, sem superestimar as possibilidades que tenho. Mas não buscar o acordo de livre-comércio, certamente, não é a resposta para essa questão”. E completou: “O tempo para um acordo entre a UE e Mercosul está se esgotando. O acordo deve acontecer muito rapidamente, pois, do contrário, não será tão fácil alcançá-lo com o novo governo do Brasil”.

Logo que chegou ao Japão, Bolsonaro rebateu as declarações de Merkel, dizendo que os alemães têm muito a aprender com seu governo, falando, pra não variar, dos governos que o antecederam e fazendo afirmações infundadas. “O presidente do Brasil que está aqui não é como alguns anteriores que vieram para serem advertidos por outros países. Não, a situação aqui é de respeito para com o Brasil. Não aceitaremos tratamento como no passado de alguns casos de chefes de Estado que estiveram aqui”.

Ele disse, ainda, não ver nenhum problema em ser questionado pela chancelar alemã no G20 sobre questões ambientais. “Nós temos exemplo para dar para a Alemanha sobre meio ambiente, a indústria deles continua sendo fóssil, em grande parte de carvão, e a nossa não. Então eles têm a aprender muito conosco”.

Para um presidente que tem provocado a sociedade – especialistas, cientistas, ambientalistas e os cidadãos – com suas decisões contra a preservação do meio ambiente, a demarcação de terras indigenas e quilombolas, os direitos humanos e favorecendo o uso de energia de fontes sujas, ele está seguro demais. Não tem como provar o que fala. É público e notório seu projeto desenvolvimentista para o país, sobre o qual ele se orgulha sempre que tem oportunidade.

Alemanha verde

Com os protestos semanais do movimento Fridays for Future, iniciado pela sueca Greta Thunberg, e que se espalharam pela Europa, os temas relacionados ao meio ambiente e às mudanças climáticas têm recebido grande impulso e fortalece o Partido Verde, que já é a maior força política do país. De acordo com pesquisa, se as eleições acontecessem hoje, 27% dos alemães votariam nesse partido. Por isso, a pressão sobre Merkel, que faz parte da ala conservadora.

De acordo com o jornal DW, os grandes partidos políticos da Alemanha – o conservador CDU, de Merkel, e o social-democrata SPD – estão em declínio. E isso pode precipitar as eleições, além de colocar alguém do Partido Verde no cargo de chanceler. Tomara.

Abaixo, assista à declaração de Angela Merkel, gravada pelo DW:

Fontes: DW, Globo, UOL, Terra e videos

Foto: Reprodução vídeo

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