
No dia seguinte à cerimônia de entrega do Globo de Ouro (6), na qual Fernanda Torres conquistou o prêmio de Melhor Atriz de Drama por sua atuação no filme Ainda Estou Aqui (como contamos aqui), o presidente Lula conversou com a atriz para parabenizá-la, e disse-lhe que faria, deste ano, o Ano da Democracia.
Aproveitando a atmosfera de celebração pelo prêmio de Fernanda, que tomou conta do país, e os eventos realizados em Brasília, que marcaram a vitória sobre os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, em 8/1, em cerimônia no Palácio do Planalto, Lula assinou o decreto que instituiu o Prêmio Eunice Paiva de Defesa da Democracia. E assim, Lula já começou a cumprir o prometido à Fernanda.
A seu lado, durante a cerimônia, estavam Chico Paiva, neto de Eunice e Rubens e filho de Vera (de barba), Jorge Messias, que dirige a autarquia (à esquerda), e Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça e Segurança Pública (à direita).

e Rubens Paiva e filho de Vera Paiva (entre Messias e o presidente) e por Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça (à direita), logo após a assinatura do decreto que institui o prêmio
Foto: Ricardo Stuckert / PR
“Estou aqui, hoje, no Palácio do Planalto, representando a minha família na assinatura do decreto que cria o Prêmio Eunice Paiva de Defesa da Democracia pelo presidente Lula. A minha avó Eunice sempre nos ensinou que a nossa família era uma entre milhares que sofreram os horrores da ditadura. E que o caso do meu avô ganhou as manchetes de jornais e revistas, mas que existem outras tantas que tanta foram foram igualmente dilaceradas pela ditadura. Então, ter o nome dela atrelado a um prêmio que vai trazer à tona outras histórias de luta e do fortalecimento da democracia é algo que nos honra e nos orgulha muito”, declarou Chico Paiva, neto de Eunice.
“O meu tio, que escreveu o livro ‘Ainda Estou Aqui’, diz que, sem a Comissão da Verdade, ele não teria conseguido escrever o livro. Então, a nossa família é muito grata ao esforço que a presidenta Dilma [Roussef] fez de trazer à tona a importância da memória da ditadura, pra que nunca mais aconteça”.
E completou: “Outra coisa que a minha avó sempre nos dizia é que a democracia é uma luta constante e que a gente nunca pode relaxar em relação a ela. Ter o caso da nossa família como exemplo de luta que possa inspirar e dar visibilidade a outras lutas nos honra muito, nos orgulha muito”.
Criado pelo Observatório da Democracia da AGU – Advocacia Geral da União, o novo prêmio será concedido anualmente e reconhecerá pessoas brasileiras ou estrangeiras que colaboram, de forma notória – seja por atuação profissional, intelectual, social ou política – para a preservação, restauração ou consolidação do regime democrático no Brasil.
Uma força contra a ditadura militar
Eunice Paiva é exemplo para o Brasil pela luta contra a opressão da ditadura e em favor de liberdades democráticas e dos direitos dos povos originários. Sua história é contada no filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Moreira Salles, que se baseia no livro homônimo escrito por Marcelo Rubens Paiva (seu filho).

Com o desaparecimento do marido, o deputado cassado Rubens Paiva, em 1971 – que foi retirado de casa por agentes da ditadura militar sob pretexto de averiguação policial, mas nunca retornou (seu corpo não foi localizado, até hoje) -, ela transformou sua trajetória, se tornando uma das figuras mais importantes na luta contra a ditadura militar e em favor das liberdades democráticas e dos direitos humanos, em especial dos povos indígenas (como contamos aqui).
Seu percurso de militância política e profissional, caracterizado por grande compromisso e dedicação, mesmo diante de sacrifícios pessoais, serve como paradigma para todos que buscam preservar e fazer avançar o Estado Democrático de Direito.
Eunice foi umas das principais forças de pressão que levaram à promulgação da Lei nº 9.140, de 4 de dezembro de 1995, que reconhece como mortas, para efeitos legais, as pessoas que tenham participado, ou tenham sido acusadas de participação, em atividades políticas, no período de 2 de setembro de 1961 a 5 de outubro de 1988, e que, por este motivo, tenham sido detidas por agentes públicos e, deste então, desaparecidas.
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Fotos (destaque): Ricardo Stuckert/PR e arquivo pessoal
Com informações da Agência Gov




