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Cacique Merong, do povo Pataxó Hã-Hã-Hãe, é assassinado em Brumadinho

Por Letycia Bond*

Reconhecido como um dos articuladores do movimento indígena, o cacique Merong Kamakã Mongoió, do povo Pataxó Hã-Hã-Hãe, foi assassinado na manhã de ontem(4), em Brumadinho, no estado de Minas Gerais.

De acordo com membro da equipe da Comissão Pastoral da Terra (CPT) que atua no estado, Merong havia manifestado a intenção de “ampliar as lutas” em conversa recente, ocorrida em 25 de fevereiro. 

Merong era uma das figuras à frente da Retomada Kamakã Mongóio, no Vale do Córrego de Areias, município de Brumadinho. Conforme esclareceu a Funai – Fundação Nacional dos Povos Indígenas em nota, o líder havia se engajado tanto na defesa de seu próprio povo como na de outros, como os Kaingang, os Xokleng e os Guarani

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Merong nasceu em Contagem (MG) e foi viver na Bahia ainda criança. Como liderança, também exerceu atividades no Rio Grande do Sul e participou da Ocupação Lanceiros Negros, iniciativa que contribuiu com as retomadas Xokleng Konglui, no município gaúcho de São Francisco de Paula, e Guarani Mbya em Maquiné.  

“A Funai lamenta profundamente a perda e se solidariza com familiares e amigos neste momento de tristeza”, escreveu a autarquia.

Defesa do território

Os Pataxó Hã-Hã-Hãe têm comunidades na Reserva Indígena Caramuru-Paraguassu, nos municípios de Itajú do Colônia, Camacã e Pau-Brasil, e também na Terra Indígena Fazenda Baiana, no município de Camamu. Os territórios ficam, respectivamente, no sul e no baixo-sul da Bahia.

Em dezembro do ano passado, outro cacique Pataxó Hã-Hã-Hãe, Lucas Kariri-Sapuyá, de 31 anos, foi executado. O jovem foi surpreendido em uma tocaia por dois homens encapuzados, quando retornava à sua comunidade, com o filho na garupa da motocicleta.

A Reserva Indígena Caramuru-Paraguassu é marcada por uma série de invasões e conflitos, sendo alvo de fazendeiros e posseiros. A estrada na qual o cacique sofreu a emboscada também ficou conhecida por ser a morada do líder pataxó João Cravim, que, aos 29 anos de idade, foi executado, em 16 de dezembro de 1988, fazendo o mesmo trajeto de Lucas.

Cravim era irmão de Galdino Jesus dos Santos, que foi queimado vivo em Brasília, por cinco jovens, enquanto dormia em um ponto de ônibus, na madrugada de 20 de abril de 1997.

Em 21 de janeiro deste ano, outra liderança, pajé, foi assassinada no mesmo contexto. A vítima foi a Pataxó Hã-Hã-Hãe Maria de Fátima Muniz de Andrade, mais conhecida como Nega Pataxó, morta durante ataque de fazendeiros integrantes do grupo Invasão Zero, na retomada do território Caramuru, município de Potiraguá, no sul da Bahia. Além do assassinato, indígenas ficaram feridos após a investida. 

Agência Brasil solicitou informações sobre o caso à Secretaria de Segurança de Minas Gerais, mas não teve resposta. 

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* Este texto foi publicado originalmente no site da Agência Brasil em 4/3/2024

Foto: Célia Xakriabá/divulgação

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