*Por Poliana Corrêa
Pesquisadores da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) desenvolveram uma máquina compacta, voltada a pequenos produtores, que limpa frutas e hortaliças sem uso de água. Além da higienização, o equipamento vai ajudar na classificação dos alimentos, contribuindo para a redução de perdas na pós-colheita.
Projetado em formato vertical, o protótipo usa um sistema de escova de três vias em helicoide, que faz aumentar a eficiência de limpeza e classificação, atenuando significativamente o impacto nos frutos. Os métodos de seleção em máquinas estáticas convencionais podem provocar quase três vezes mais lesões.
“As vantagens ambientais estão relacionadas ao não uso da água. O sistema possui duas escovas – uma embaixo e outra em cima – e assim, consegue-se uma melhor limpeza, pois proporciona maior contato do fruto com as cerdas”, explica Marcos David Ferreira, pesquisador da Embrapa Instrumentação e coordenador do projeto. “No Brasil, o sistema tradicional, tanto para o tomate quanto para outras frutas, utiliza grandes volumes de água. Essa água muitas vezes precisa ser descartada ou passar por tratamento. O novo equipamento reduzirá o desperdício e trará economia os pequenos produtores.”
Para se ter uma ideia, a limpeza convencional do tomate, por exemplo, pode consumir até 500 m3 de água por mês em algumas unidades de beneficiamento. A máquina compacta da Embrapa tem capacidade para classificar cerca de uma tonelada de frutos diariamente, quantidade que varia de acordo com a regulagem da ferramenta, tipo do fruto, entre outros fatores.
“A classificadora já foi licenciada por uma empresa e vai entrar no mercado agora em junho ou julho. Não há previsão de preço ainda, mas é uma máquina de baixo custo, voltada para que pequenos e médios produtores”, afirma Ferreira.
O equipamento levou três anos de pesquisas para ser desenvolvido. O trabalho foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), na modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular.
“Fizemos inúmeros e exaustivos testes para ver a condição e eficiência do sistema, tanto para limpeza quanto para classificação, que acabou se mostrando tão eficiente quanto o tradicional”, diz o pesquisador.
O principal diferencial é que ele trará economia à agricultura familiar e reduzirá o desperdício de água no campo. Bravo!
*Texto publicado originalmente em 07/06/2017 no site da Web Radio Água
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Foto: domínio público/pixabay