A cada ano, mais de 200 milhões de pessoas são prejudicadas por desastres naturais, como secas, inundações, ciclones, terremotos, incêndios florestais e outras ameaças. No Brasil, o rompimento das barragens em Minas Gerais no mês passado, o tornado que atingiu Santa Catarina em abril e as enchentes no Acre, ocorridas em janeiro, têm muito mais em comum do que apenas o ano de 2015. Repentinas, essas tragédias pegaram muita gente de surpresa mesmo depois de ocorridas. A culpada? A falta de informação. É isso o que acreditam um par de ambiciosos empreendedores que busca solução para este problema por meio da tecnologia.
Pensando nisso, desenvolveram um dispositivo chamado Sistema Preventivo de Emergência. Seu funcionamento é descomplicado: trata-se de luzes vermelhas de emergência acopladas a postes de iluminação pública de rodovias e autoestradas da cidade. Em situações de calamidade, as luzes são acionadas remotamente por autoridades – como policiais e bombeiros – e piscam continuamente, seguindo o padrão internacional de cores: amarelo para estado de atenção e vermelho para perigo. Simples, mas engenhoso.
À frente do projeto estão a brasileira Thamara Caldeiram, de 25 anos, e o engenheiro norte-americano John Carruthers, de 50 anos. Na retaguarda, atua a jornalista Paula Caldeiram, gêmea de Thamara, para dar suporte de comunicação. Os três se conheceram graças a um intercâmbio realizado pelas irmãs para os Estados Unidos em 2014. “Sempre quis fazer um projeto que ajudasse as pessoas, mas estar em um país de primeiro mundo ajudou a impulsionar essa vontade e a empreender”, conta Thamara, que realiza trabalhos voluntários junto a Paula desde os 17 anos.

Unidos pela causa desde janeiro, o trio pretende mostrar como o investimento em um sistema de comunicação de emergência pode gerar ganhos para populações que residem em locais de vulnerabilidade, reduzindo o número de vítimas e de perdas ambientais, organizando autoridades e equipes de suporte no local e gerando economia ao minimizar a proporção do acidente no entorno. “A ideia é utilizar a tecnologia para contornar essas situações e estimular a rápida recuperação após situações difíceis”, diz Thamara, que é formada em relações públicas.
Como a iluminação é visível a até cerca de 5 km de distância, a ferramenta alerta as pessoas que há uma situação de emergência naquela direção e as fazem mudar de rota para um local seguro. Além disso, o dispositivo promove a constante comunicação entre socorristas e autoridades, organizando as equipes de suporte. “Muita gente teria sido salva na tragédia de Minas Gerais se tivesse sido avisada com antecedência”, justifica Thamara.
Tecnologia contra desastres naturais
O Sistema Preventivo de Emergência utiliza a tecnologia Mesh Wifi Offloading, que funciona independente de qualquer estrutura convencional de comunicação, e armazena toda a informação, constituindo uma fonte rica de dados. Além disso, é abastecido por meio de energia solar, garantindo seu funcionamento mesmo quando o fornecimento de energia elétrica é suspenso.
O objetivo da ferramenta é oferecer suporte para que cidades ao redor do mundo respondam de forma eficiente a cenários de desastres naturais, diminuindo suas vulnerabilidades e propiciando bem-estar e segurança. Em breve, ele poderá ser visto nas cidades brasileiras. Isso porque ele já tem um protótipo e está em processo de negociação com investidores para implantação de projeto piloto.
“Além de diminuir o tempo de resposta da Defesa Civil, acreditamos que esta é uma inovação que pode destacar o Brasil como referência na redução de riscos e desastres”, conclui Thamara.
Como o mundo reduz riscos de desastres naturais
O projeto de Thamara e John conversa diretamente com o Marco de Ação de Hyogo, o instrumento mais importante para a implementação da redução de riscos de desastres que 168 estados-membros das Nações Unidas – entre eles, o Brasil – se comprometeram a adotar. Abaixo, conheça as cinco prioridades de ação do mecanismo:
- Fazer com que a redução dos riscos de desastres seja uma prioridade
Garantir que a redução de risco de desastres (RRD) seja uma prioridade nacional e local com uma sólida base institucional para sua implementação. - Conhecer o risco e tomar medidas
Identificar, avaliar e observar de perto os riscos dos desastres, e melhorar os alertas prévios. - Desenvolver uma maior compreensão e conscientização
Utilizar o conhecimento, a inovação e a educação para criar uma cultura de segurança e resiliência em todos os níveis. - Reduzir o risco
Reduzir os fatores fundamentais do risco. - Estar preparado e pronto para atuar
Fortalecer a preparação em desastres para uma resposta eficaz a todo nível.