Muito já se sabe sobre os efeitos das mudanças no clima do planeta sobre o meio ambiente e a vida selvagem. Mas aos poucos, pesquisadores começam a descobrir também o impacto que a crise climática tem sobre a vida humana. Dois pesquisadores das Universidades de Cambridge e da Califórnia, nos Estados Unidos, acabam de publicar um artigo em que mostram como o aquecimento global pode fazer com que bebês nasçam antes do tempo.
O estudo, divulgado na Nature Climate Change, revela que evidências sugerem que a exposição ao calor acelera o trabalho de parto e leva a uma gestação mais curta.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a data provável do parto (DPP) é calculada para 40 semanas após o primeiro dia da última menstruação da mãe. Um bebê que nasce antes de 37 semanas é considerado prematuro e, após a 42a, pós-termo. Nos dois casos, os riscos de complicações aumentam muito.
Pois os cientistas descobriram que o calor extremo causa um aumento no número de partos, no dia da exposição (a altas temperaturas) e no dia seguinte, e que os partos podem ser adiantados em até duas semanas. Ou seja, o clima muito quente faria com que mães deem à luz, em média, 15 dias antes do que seria o natural – e ideal.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram dados de gestações nos Estados Unidos, entre 1969 e 1988, e correlacionaram a data dos partos com a ocorrência de ondas de calor extremo.
“Estimamos que uma média de 25 mil bebês por ano tenham nascido mais cedo como resultado da exposição ao calor, com uma perda total de mais de 150 mil dias gestacionais anualmente”, afirmam os cientistas. “Dados os recentes aumentos na frequência do clima extremamente quente, há uma clara necessidade de prever melhor a magnitude potencial do impacto da mudança climática na saúde infantil em nível nacional”, alertam.
Mais do que nunca, o novo estudo demonstra que a inação da atual geração frente às mudanças climáticas irá afetar diretamente a qualidade de vida daqueles que nascerem nas próximas décadas.
“No final do século (2080-2099), estimamos que haverá aproximadamente 253 mil dias perdidos de gestação por ano, em média, nos Estados Unidos, afetando quase 42 mil nascimentos”, ressaltam os especialistas.
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