Ele não será o primeiro avião solar a decolar e levar para o céu a bandeira das energias renováveis. Mas certamente é mais uma iniciativa, muito bem-vinda, que mostra que um futuro sustentável depende de meios de transporte com emissão zero de carbono.
O Eraole, nome do avião francês que está na imagem acima, é um protótipo idealizado pelo Laboratoire Océan Vital , fundação criada pelo navegador e cientista francês Raphaël Dinelli.
Híbrido, o Eraole tem um motor elétrico, que é acionado pela energia dos paineis solares instalados nas asas. Durante à noite, sem o sol, o avião utiliza biocombustível produzido a partir de algas.
Foram necessários sete anos, entre a concepção do projeto, desenvolvimento de materiais e testes, para que o protótipo ficasse pronto. A expectativa da equipe é que a energia solar seja responsável por manter o motor funcionando durante 25% do voo e nos outros 55% do tempo, o biocombustível seja acionado. No restante do voo, a aeronave estará simplesmente planando no ar.
A viagem inaugural do Eraole está programada para daqui a três meses, em junho. Dinelli será o piloto e pretende cruzar o Oceano Atlântico, saindo de Paris e pousando em Nova York. De acordo com o Latoratoire Oceán Vital, este será o primeiro voo com zero emissão de carbono a ser realizado entre Europa e Estados Unidos.
Apresentação do Eraole, movido a biocombustível e energia solar
A aventura, entretanto, não será fácil. O cockpit do Eraole é bastante pequeno e apertado. Além disso, a cabine não terá pressurização. Ou seja, Dinelli terá que fazer um longo treinamento para se manter bem, respirando com 30% menos oxigênio, e com pouquíssima mobilidade para o corpo, principalmente, para a circulação de sangue nas pernas.
Como a aeronave francesa atinge, no máximo, 100 km/h, o voo deverá durar aproximadamente 60 horas.
Energia verde no ar
Ao redor do mundo, vários visionários têm demonstrado que seja na terra ou no ar, é preciso investir em novas tecnologias – limpas e sustentáveis – para substituir os atuais meios de transportes, extremamente poluentes.
Um dos projetos mais famosos é o do avião suíço Solar Impulse. Em 2015, a aeronave fez um voo histórico, entre Nagoya, no Japão, e o Havaí, nos Estados Unidos. Foram cinco dias e cinco noites no ar, voando somente com a energia produzida pelo sol, sem utilizar uma só gota de combustível fóssil.
Desde julho do ano passado, o Solar Impulse está em um hangar no Havaí, onde passa por reparos. A meta dos suíços André Borschberg e Bertrand Piccard, idealizadores do Solar Impulse, é fazer a circunavegação completa ao redor da Terra. A aventura começou em Abu Dabi, em março do ano passado. No próximo mês, em abril, o avião solar deverá decolar novamente em direção a Nova York e depois seguirá para a Europa, finalizando a volta ao mundo no Oriente.
Especialistas da área de aviação acreditam que ainda é muito pouco provável que um avião solar se torne, em um curto prazo, um alternativa comercial para o transporte de passageiros.
Atualmente estima-se que a aviação comercial represente 2% das emissões globais de dióxido de carbono na atmosfera, o tal do CO2, gás que é o principal responsável pelo aquecimento do planeta.
Ao embarcar em uma viagem de ida e volta, entre Washington e Londres, por exemplo, um único passageiro emite algo em torno de 2 a 3 toneladas de carbono. Demais, não? Então, aplausos para o Eraole e o Solar Impulse. Que eles estimulem o desenvolvimento de novas tecnologias e sejam os pioneiros para a energia verde no ar.
O avião suíço Solar Impulse deve voar novamente em abril
Leia também:
O Hyperloop vem aí!
Um carro com teto solar: de verdade
Fotos: divulgação Laboratoire Océan Vital e Solar Impulse