
A imagem chocou o mundo e provocou uma onda de indignação. No final de janeiro, mostramos o vídeo divulgado pela organização Urgent Seas, que mostra o flagrante do acidente de um golfinho no hotel Barceló Maya Grand Resort, na Riviera Maya, em Quintana Roo, no México. Durante um show com três desses animais, um deles salta e aterriza no concreto da borda da piscina. A cena era brutal.
Após uma investigação, pouco mais de um mês após o acidente, a Procuradoria Federal de Proteção ao Meio Ambiente do México (Profepa), interditou o delfinário, proibindo tanto os shows de acrobacias como a oferta de “experiências”, como beijar e nadar com os animais. De acordo com as autoridades, o hotel não tinha autorização da Secretaria do Meio Ambiente para realizar espetáculos com golfinhos.
A procuradoria informou também que, o golfinho que aparece no vídeo, chamado de Mincho, teria sido levado para outro local, que revela ainda que dois outros animais, que também faziam shows, morreram em 2024.
“Esta é a primeira medida que aplicamos a esta instalação com base nas conclusões da nossa inspeção; o trabalho que estamos fazendo não acabou. A Profepa está comprometida em garantir o tratamento digno da vida selvagem mantida em cativeiro”, afirmou Mariana Boy Tamborrell, advogada federal de proteção ambiental.
O órgão afirmou ainda que, por causa do acidente, começará a fazer inspeções em todos os delfinários do México.

Foto: divulgação Profepa
Exploração de golfinhos
O vídeo com o flagrante compartilhado por uma hóspede do hotel mexicano viralizou na internet. Várias organizações de proteção animal protestaram e pediram, mais uma vez, que esse tipo de exploração tenha um fim. “A rede de hotéis Barceló é um negócio próspero. Não precisa explorar golfinhos para obter lucro”, criticou a PETA.
De acordo com a ONG, o delfinário do hotel Barceló é propriedade da The Dolphin Company, a mesma empresa dona do famoso Miami Seaquarium na Flórida, que recebeu uma ordem de desocupação e agora enfrenta um processo judicial de despejo, por causa de denúncias de violações do bem-estar de animais (foi lá que morreu, em 2023, Lolita, a orca tirada filhote da natureza e explorada por mais de 50 anos).
“Golfinhos são animais inteligentes. Em seus lares oceânicos, eles nadam em média 64 quilômetros por dia e podem mergulhar em grandes profundidades”, ressalta a PETA.

que as piscinas dos hóspedes, denuncia a PETA
Foto: divulgação Profepa
Estima-se que existam cerca de 30 delfinários em operação atualmente no México. No mundo inteiro, a Proteção Animal Mundial aponta que 3 mil desses cetáceos ainda vivam em cativeiro, a grande maioria deles em países como China, Japão, Estados Unidos, México e Rússia.
“Apoiamos a investigação deste caso e pedimos inspeções completas e transparentes em todos os delfinários do país. Instamos as autoridades, com base nos resultados, a desenvolver um plano de ação para fechar gradualmente todos os delfinários e melhorar as condições para os golfinhos em cativeiro, além de proibir a reprodução em cativeiro. Está na hora de esta ser a última geração de golfinhos usada para entretenimento no México!”, diz Eugenia Morales, gerente de campanhas de vida silvestre da Proteção Animal Mundial.
Ela destaca que esses animais sofrem demasiadamente em cativeiro: primeiro, aos serem separados precocemente de suas mães, depois, ao serem confinados em espaços minúsculos e participando em shows estressantes. “Suas necessidades naturais não podem ser atendidas em delfinários! Apelamos à sociedade: eduque-se, conscientize-se e apoie o fim dessa prática cruel. Não visite locais que ofereçam shows ou atividades com golfinhos em cativeiro!”
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Foto de abertura: reprodução vídeo