Foi um encontro inesperado, surpreendente e sem dúvida nenhuma, emocionante. A equipe de jornalistas e produtores da rede britânica BBC gravava cenas com orcas para a série “Frozen Planet II”, na Rússia. Um grupo grande desses cetáceos foi filmado nadando e se alimentando de diferentes tipos de presas. E enquanto registrava-se a estratégia de caça de uma orca, o pesquisador Grigory Tsidulko, que estava na embarcação, notou que um desses animais possuía uma medalha de monitoramento em seu dorso.
Era um sinal de que ele havia sido reintroduzido na natureza após viver em cativeiro.
Pouco depois, o indivíduo com a marcação, na verdade, uma fêmea, foi identificado como uma das quase 100 orcas e baleias-brancas que faziam parte da chamada “prisão de baleias russa”. Em 2018, quatro empresas daquele país foram processadas por capturar ilegalmente esses mamíferos marinhos na vida selvagem para vendê-los a aquários da China. Na época, imagens feitas por drones mostravam os animais amontoados, muitos ainda filhotes, num espaço minúsculo.
Durante meses as empresas argumentaram que se fossem devolvidos ao mar, após terem ficado em cativeiro, eles poderiam morrer. Mas graças à pressão de organizações e governos do mundo todo, no final de 2019, 97 orcas e baleias foram retiradas dos cercados na Baía de Srednyaya, no extremo oriente da Rússia, e sob supervisão de especialistas internacionais, devolvidas, em pequenos grupos, ao oceano.
Pois bem, três anos depois, a orca avistada pelo time da BBC é prova de que mesmo após ter estado em cativeiro, ela conseguiu se readaptar ao seu ambiente natural novamente.
“Isso comprova que, apesar de todos os argumentos da indústria “do cativeiro”, as orcas realmente podem ser libertadas e devolvidas com segurança ao seu ambiente natural e viver uma vida feliz onde elas pertencem”, diz Tsidulko.
Não há como saber, entretanto, se a orca em questão reencontrou sua família ou foi adotada por um novo grupo. Mas as imagens mostram ela compartilhando uma foca com outros indivíduos e os ajudando a caçar, ou seja, ela não perdeu seus instintos naturais.
*Com informações dos sites da BBC, National Geographic e The Inertia
Leia também:
Ativistas lutam para que após 50 anos em aquário, orca Lolita volte à natureza, junto de sua mãe
Após décadas explorados como “atrações”, os golfinhos Johnny, Rocky e Rambo nadam em direção à liberdade na Indonésia
Registro inédito em vídeo comprova que orcas conseguem caçar e matar tubarões-brancos
Foto de abertura: reprodução vídeo