Em julho, a Islândia tinha decretado uma suspensão da caça a baleias-fin. A medida foi tomada após um relatório revelar que diversas irregularidade no abate pela indústria baleeira, como por exemplo, um tempo demasiado, além daquele estipulado pelo Ato de Bem-Estar Animal, e causando ainda mais sofrimento.
Mas agora, depois de dois meses, para o desapontamento e frustração de ambientalistas e críticos da caça, o governo islandês acaba de voltar atrás e permitir novamente a caça das baleias. Segundo comunicado do Ministério da Agricultura e da Pesca, normas mais rígidas foram implementadas tanto para os equipamentos, como os métodos usados.
“Retomar a caça comercial às baleias é um passo na direção errada para a Islândia”, lamentou Chris Johnson, líder global da Iniciativa de Proteção às Baleias e Golfinhos do WWF. “
As baleias-fin, também chamadas de baleias-comuns (Balaenoptera physalus) são o segundo maior animal da Terra e classificadas como ‘vulneráveis’ à extinção pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). Elas são encontradas em todos os principais oceanos, das regiões tropicais às polares.
“Crescentes evidências científicas mostram que as grandes baleias beneficiam a produtividade dos oceanos e sequestram carbono ao longo das suas vidas. No Atlântico Norte, as baleias-comuns têm longos padrões migratórios sobre os “corredores azuis”. Estes benefícios são cruciais para múltiplas nações e para o alto mar. Ao proteger as baleias, protegemos os nossos oceanos e a nós mesmos”, ressaltou Johnson.
De acordo com o WWF, há apenas uma única empresa baleeira, a Hvalur, que ainda opera na Islândia e sua licença irá expirar em dezembro de 2023.
“Ainda há uma oportunidade para a Islândia tomar a decisão certa e cessar a caça comercial às baleias no final de 2023, alinhando-se com a comunidade internacional e com a moratória global da Comissão Baleeira Internacional sobre o tema. Temos a responsabilidade coletiva de proteger as baleias-comuns para as gerações futuras”, destacou o representante da organização.
Em fevereiro deste ano, a ministra da Agricultura e da Pesca, Svandís Svavarsdóttir, tinha sugerido a jornais locais que a Islândia daria fim à caça de baleias a partir de 2024. O motivo seria a queda na demanda pela carne desse cetáceo, sobretudo pelo mercado japonês.
Em 2019, o país escandinavo tinha estabelecido uma cota de caça de 210 baleias fin e 217 baleias mink por ano. Apesar de serem apenas estas espécies permitidas, há pouco mais de três anos pescadores islandeses foram flagrados com uma baleia azul morta, o maior animal do planeta e considerado ameaçado de extinção.
“A Islândia é realmente um país mágico e encantador, saído diretamente das páginas da mitologia. É uma pena que esta imagem seja quebrada pelas ações de um homem. Kristjan Loftsson é um personagem maquiavélico que é o CEO da última operação baleeira comercial na Islândia. Sua licença para caçar baleias-comuns expira em 2023, e ele está explorando isso até os últimos momentos. Seu objetivo é matar pelo menos 140 baleias (embora ele possa matar até 210), que são uma espécie vulnerável que enfrenta muitas outras ameaças à sua sobrevivência, além dos arpões com pontas de granadas de Loftsson”, relatou Ky Trickett, estudante de jornalismo e voluntário da Sea Shepherd, que acompanhou e fez um relato revoltante sobre a temporada de caça das baleias na Islândia.
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Foto de abertura: Ky Trickett/Sea Shepherd