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Após mortandade de anfíbios, casos de malária aumentaram entre humanos. Coincidência?

Após mortandade de anfíbios, casos de malária aumentaram entre humanos. Coincidência?

Na década de 80, pesquisadores da Costa Rica e do Panamá começaram a notar uma alarmante queda nas populações de anfíbios, como sapos, rãs, pererecas e salamandras. Descobriu-se que esses animais estavam sendo vítimas de um fungo, o Batrachochytrium dendrobatidis (Bd), que causa uma doença letal, a quitridiomicose.

Ao longo das últimas décadas, alguns cientistas já afirmam que o fungo foi responsável pela maior redução de espécies observada até hoje. A doença se alastrou pelo mundo inteiro, de florestas da Ásia até a América do Sul, inclusive, do Brasil (leia mais aqui).

Todavia, o desequilíbrio ambiental não ficou restrito à natureza. Um grupo de pesquisadores internacionais estudou uma das consequências provocadas pela diminuição de anfíbios: o aumento dos casos de malária entre seres humanos.

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“A biodiversidade nos ecossistemas desempenha um papel importante no apoio ao bem-estar humano, incluindo a regulação da transmissão de doenças infecciosas. Muitos desses serviços não são totalmente apreciados devido à dinâmica ambiental complexa e à falta de dados básicos. O declínio multicontinental de anfíbios devido ao patógeno fúngico Batrachochytrium dendrobatidis nos dá um exemplo gritante disso. Embora se saiba que os anfíbios afetam as cadeias alimentares naturais – incluindo mosquitos que transmitem doenças humanas – os impactos na saúde humana relacionados ao seu declínio maciço receberam pouca atenção”, escreveram os pesquisadores num artigo científico publicado na Environmental Sciences há poucos dias.

Os cientistas fizeram um cruzamento de dados com os registros de de malária na América Central; na Costa Rica e no Panamá. De acordo com a análise, nos oito anos após perdas substanciais de anfíbios causada pelo fungo Bd, houve um salto nos casos da doença equivalente a cerca de um caso extra por 1 mil pessoas, o que significa um crescimento de 70% a 90%.

“Esse impacto da perda de biodiversidade não identificado anteriormente ilustra os custos muitas vezes ocultos do bem-estar humano das falhas de conservação. Essas descobertas também mostram a importância de mitigar a disseminação de patógenos emergentes semelhantes, impulsionados pelo comércio internacional, como o Batrachochytrium salamandrivorans“, alerta o estudo.

Entretanto, após oito anos da mortalidade em massa dos anfíbios, o pico de malária entre humanos retrocedeu. Os pesquisadores não sabem ainda dizer porquê.

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Foto de abertura: Zdeněk Macháček on Unsplash

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