No dia 29 de outubro do ano passado, uma equipe do Projeto Ilhas do Rio avistou uma tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) boiando próximo às Ilhas Cagarras, no Rio de Janeiro. Como esse é um comportamento pouco comum para esses animais e a espécie não costuma ser vista próxima ao litoral, os biólogos decidiram resgatá-la. Constatou-se que ela estava bastante debilitada e com o casco cheio de cracas.
“Era um sinal de alerta porque a craca é um crustáceo que se fixa em organismos parados, ou seja, a tartaruga não estava se movimentando como deveria”, explica Suzana Guimarães, coordenadora da pesquisa com tartarugas marinhas do Projeto Ilhas do Rio e coordenadora do Projeto Aruanã.
A tartaruga foi então encaminhada para o Centro de Reabilitação do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos, em Araruama. Lá veterinários descobriram que ela estava com pneumonia.
A tartaruga logo após o resgate, cheia de cracas
Não se sabe exatamente qual o sexo da tartaruga porque como é um indivíduo juvenil, ainda não é possível determinar se é um macho ou uma fêmea.
Esta semana, depois de pouco mais de dois meses de tratamento e reabilitação, felizmente ela voltou ao mar. Foi levada para um ponto bem próximo ao lugar onde ela foi encontrada no ano passado e solta na água.
“Esse animal teve a grande sorte de ter sido encontrada por nós, pesquisadores capazes de avistar e reconhecer o animal mesmo à distância e ter a experiência necessária para prestar o socorro da forma correta”, explica Suzana.
Momentos antes da soltura
Antes de ser solta, a tartaruga marinha recebeu um grampo metálico com uma numeração, que fará parte do banco de dados do Projeto Tamar, entidade que há décadas atua pela proteção e conservação desses animais no Brasil.
O Projeto Aruanã trabalha juntamente com o Ilhas do Rio*, uma iniciativa do Instituto Mar Adentro.
A Caretta caretta é uma espécie comum no litoral brasileiro, mas raramente avistada perto da costa. É a que apresenta o maior números de desovas no país.
Tartarugas marinhas são animais que podem viver mais de 100 anos. No mundo todo, até hoje, são conhecidas sete espécies. Cinco delas são encontradas em nosso litoral: cabeçuda ou mestiça, verde ou aruanã, de pente ou legítima (a mais ameaçada), couro ou gigante (a maior de todas as espécies) e oliva.
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*O Monumento Natural das Ilhas Cagarras (MoNa Cagarras) é a primeira Unidade de Conservação (UC) Marinha de Proteção Integral da cidade do Rio de Janeiro. Tem grande importância porque contribui para a diminuição da degradação nos ecossistemas da região, afetados pela poluição e a falta de educação ambiental de seus frequentadores.
Apesar de alguns trabalhos já terem sido realizados no local, há uma grande carência de informações sobre o ecossistema e o uso sócio-econômico do MoNa Cagarras. Pensando nisso, o Instituto Mar Adentro idealizou o projeto Ilhas do Rio, em parceria com as maiores instituições de ensino pesquisa do Rio de Janeiro, diversos setores públicos e privados, além de grupos da sociedade civil.
O projeto é de grande relevância, pois dará base à gestão eficiente da UC, valorizando os conhecimentos tradicionais das comunidades pesqueiras, evidenciando a necessidade do uso sustentável dos recursos naturais, sensibilizando a população em geral para o apoio às medidas de conservação e estimulando o turismo consciente.
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Fotos: Caio Salles (Projeto Verde Mar – duas primeiras -, e vídeo) e divulgação Projeto Aruanã