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Apicultores do Cerrado recebem selo de “Produtor amigo do tatu-canastra”, em iniciativa para proteger o maior tatu do mundo

Apicultores do Cerrado recebem selo de “Produtor amigo do tatu-canastra”, em iniciativa para proteger o maior tatu do mundo

O maior tatu do mundo vive em terras brasileiras. O nosso tatu-canastra (Priodontes maximus) é um mamífero que pode pesar até 50 kg e medir cerca de 1,5 metro (do focinho à cauda). Com hábitos noturnos, ele vive a maior parte do tempo dentro dos engenhosos e imensos túneis que cava. Além disso, é um ser solitário, diferente de outras espécies que precisam de um grupo. Por isso mesmo, ele é raramente avistado e especialistas o chamam carinhosamente de “fantasma das florestas”.

Todavia, ele não é invisível para apicultores. Acontece que o tatu-canastra, que costumava ter sua dieta baseada em cupins e formigas, começou a procurar novos alimentos após uma mudança de comportamento, por conta das alterações no ambiente causadas pelo homem e da redução da comida natural disponível, explicam biólogos.

E um desses “novos” alimentos tem sido as larvas das abelhas. Com seu olfato extremamente apurado, o tatu-canastra chega até caixas de produtores, localizadas próximo a áreas naturais, causando prejuízos a eles.

Para impedir que os tatus derrubem as caixas, provocando perdas financeiras a apicultores, foi elaborado o Guia de Convivência entre Apicultores e Tatus-Canastra no Cerrado do Mato Grosso do Sul, parte do projeto “Canastras e Colmeias”, lançado em 2015. No guia são listadas dez ações que impedem que esses mamíferos consigam chegar perto das caixas de abelhas, como por exemplo, colocá-las a 1,30 m do chão e usar cerca de alambrado com muro de concreto na base.

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E a partir de agora, os apicultores que adotarem essas estratégias de proteção ao tatu-canastra poderão estampar, em seus produtos, o selo de “Produtor amigo do tatu-canastra”, que assegura o compromisso com a biodiversidade e a conservação desses animais.

“Com a certificação e as orientações do guia, incentivamos que os apicultores implementem melhores práticas, que sejam ambientalmente sustentáveis e que aumentam o valor agregado ao mel e aos produtos derivados que são produzidos. Dessa forma, a presença de tatus-canastra perto de colmeias se tornará mais um benefício do que um problema”, afirma Arnaud Desbiez, pesquisador e coordenador do Programa de Conservação do Tatu-Canastra*.

Até o momento, 33 apicultores já receberam o selo e dez estão em processo de certificação. Até 2023, esse número deve chegar a 200.

Apicultores do Cerrado recebem selo de “Produtor amigo do tatu-canastra”, em iniciativa para proteger o maior tatu do mundo

O selo que atesta o compromisso de apicultores com a proteção do tatu-canastra

O projeto para promover a convivência pacífica entre apicultores e o tatu-canastra, espécie classificada como vulnerável à extinção e com declínio populacional de 30% em quase três décadas, recebeu um reconhecimento internacional, inédito para iniciativas no Brasil, a certificação Wildlife Friendly Network, que comprova o compromisso de um negócio com a sustentabilidade, a vida selvagem e seus habitats.

“Os selos indicarão ao consumidor final que o mel é produzido sem prejudicar os animais que vivem na região. Além de se tornarem protetores do nosso gigante da biodiversidade, os apicultores irão agregar valor aos produtos tanto no mercado local quanto para exportação”, ressalta Desbiez.

Apicultores do Cerrado recebem selo de “Produtor amigo do tatu-canastra”, em iniciativa para proteger o maior tatu do mundo

A boa convivência é possível e pode trazer valor agregado aos produtores que abraçarem
a conservação do maior tatu do mundo
(Foto: ICAS)

*O projeto Tatu-Canastra, realizado pelo Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS) e pelo Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), conta com o apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.

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Fotos de abertura: divulgação (produtor) e Mario Alves (tatu-canastra)

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