Tatus-canastra em rara aparição no Mato Grosso do Sul

Tatus-canastra em rara aparição no Mato Grosso do Sul

Em outubro do ano passado e em março deste ano, contamos sobre os registros raros de tatus-canastra em uma reserva no Mato Grosso do Sul e no Parque Nacional de Brasília, a apenas 10 km da capital, respectivamente. Ambas as notícias foram celebradas pelos pesquisadores envolvidos visto que a espécie é vulnerável, ou seja, está em risco de extinção devido ao desmatamento e aos incêndios – que destroem seu habitat -, aos atropelamentos nas rodovias e à caça.

Mas, justamente por tudo isso, o encontro que aconteceu este mês, em Ribas do Rio Pardo, Mato Grosso do Sul, é motivo ainda maior de comemoração.

A espêcie vive especialmente no Cerrado, mas também pode ser encontrada (é raríssimo!!) em outros biomas do Brasil e da América Latina como Amazônia, Pantanal e Mata Atlântica. E suas raras aparições não acontecem só porque restam poucos exemplares na natureza, mas porque é um bicho bastante arredio e de hábitos noturnos, que fica entocado durante o dia (os registros sobre os quais comentei no início do texto foram feitos à noite e com armadilhas fotográficas).

Pois os biólogos Murillo Couto e Claudenice Faxina tiraram a “sorte grande” ao avistar, durante o dia, não um, mas dois indivíduos da espécie em uma trilha no meio da mata. Com mais um detalhe: os bichos se aproximaram dos pesquisadores, proporcionando ótimos registros, que ilustram este post.

Para a reportagem do site G1, o biólogo contou que ele e sua colega estavam registrando as aves da região para um estudo de impacto ambiental, quando escutaram um barulho que parecia ser de um animal se aproximando. Ficaram em silêncio. Foi, então, que os dois tatus-canastra apareceram e caminharam tranqüilamente em sua direção. Murilo não perdeu tempo: filmou, fotografou e ainda fez uma selfie com os bichos.

Arnaud Desbiez, presidente do Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS) destacou que se trata de um encontro super raro também porque aconteceu durante o dia e porque estavam em dupla. O tatu-canastra é um animal solitário, que anda em par somente quando está na época do acasalamento (devia ser este o caso) e no período em que a mãe cuida do filhote.

Para ele, as hipóteses mais prováveis, que justificam a “sorte” dos pesquisadores, podem estar relacionadas às fortes chuvas, que podem ter inundado sua toca, e ao fato de não enxergarem bem. Os dois animais certamente não viram os pesquisadores e Desbiez ainda acredita que o vento poderia estar contra, impedindo que eles sentissem seu cheiro, por isso ficaram tão à vontade.

Seja lá como for, o que importa é que eles estavam lá, caminhando pela mata, saudáveis, e ainda foi possível fotografá-los, de diversos ângulos.

Gigante pela própria natureza

O tatu-canastra (Priodonte maximus) chega a medir 1,5 metro de comprimento e pesar 60 quilos – o que equivale a uma crianças de 13 anos -, por isso é conhecido também como tatu gigante.

Incrível porque ele se alimenta basicamente de cupins e formigas, não é carnívoro. Mas deve ser bastante apetitoso e nutritivo quando jovem porque é alimento de onças-pardas e pintadas. Adulto, não corre esse risco por causa de sua carapaça dura.

Assim como a anta é chamada de jardineira da floresta, por dispersar sementes com suas fezes, o tatu-canastra é o engenheiro natural dos ecossistemas por causa das escavações que faz – repare em suas unhas enormes!!! – para construir suas tocas, alterando o ambiente e criando novos habitats.

Fonte: site G1

Fotos: Murilo Couto (pesquisador)

Deixe uma resposta

Mônica Nunes

Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.