Magawa era um rato africano gigante conhecido e reconhecido por sua velocidade, além de seu olfato apuradíssimo e de sua incrível memória.
Durante cinco anos, integrou a equipe de ratos treinados pela organização internacional APOPO (Anti-Persoonsmijnen Ontmijnende Product Ontwikkeling, em tradução livre: Desenvolvimento de Produto de Remoção de Minas Terrestres Antipessoal) – baseada na Tanzânia – para farejar minas terrestres, e sempre foi o maior e o mais eficiente.
Vasculhava uma área equivalente a uma quadra de tênis em 30 minutos! Um ser humano munido de um detector de metais levaria até quatro dias para finalizar o mesmo trabalho. Com outra vantagem: ignorava sucatas, o que não acontece com os detectores de metal. E sempre acertava a localização da mina.
Magawa ajudou a encontrar 67 dispositivos explosivos: 39 minas terrestres e 28 itens de munição e, assim, contribuiu para erradicar o risco de morte e ferimentos graves em homens, mulheres e crianças no Camboja. Até que se aposentou em julho de 2020.
Nesse mesmo ano, em setembro, Magawa recebeu a “cobiçada” medalha de ouro da organização veterinária britânica PDSA por sua bravura, tornando-se o HeroRAT (rato herói) de maior sucesso da APOPO, como contamos aqui.
Ele foi o primeiro rato condecorado nos 77 anos de existência da premiação: um pombo, cães, gatos já haviam recebido a honraria, que é o equivalente animal à mais alta condecoração civil do Reino Unido: a Cruz de Jorge.
Mas, neste fim de semana, com oito anos de idade, este ratinho muito simpático se foi “tranquilamente”, como relatou a APOPO em comunicado.
“Magawa estava com boa saúde e passou a maior parte da semana passada brincando, com seu entusiasmo habitual, mas, no fim de semana, começou a desacelerar, cochilando mais e mostrando menos interesse por comida em seus últimos dias”.
Camboja ainda tem 3 milhões de minas enterradas
A espécie de rato da África do Sul é muito maior do que um rato comum, mas muito mais leve, o suficiente para não detonar uma mina terrestre, mesmo que passeie sobre ela. Nenhum rato treinado pela APOPO sofreu qualquer acidente em mais de 20 anos. Com mais um detalhe: eles são animais muito inteligentes e, por isso, muito fáceis de treinar.
Magawa começou a ser treinado ainda pequeno e, em apenas nove meses, já estava pronto para entrar em campo. O treino consiste em receber muitas recompensas saborosas quando se aproxima de algo com o cheiro de produtos químicos explosivos, comumente usados em minas terrestres.
Ele passou em todos os testes e, em 2015, foi enviado para trabalhar no Camboja.
Estima-se que, nesse país, ainda estejam enterradas cerca de 3 milhões de minas das 6 milhões instaladas no país entre 1975 e 1998.
Cerca de 64 mil pessoas já morreram vítimas de explosões dessa natureza e o Camboja é o país com maior número de amputados por minas per capita do mundo: são mais de 40 mil pessoas.
Ratos também farejam tuberculose
Hoje, mais de 60 países escondem minas terrestres e outros resíduos explosivos de guerra, que causam tragédias e impedem as comunidades de produzir em suas terras, de exercer seu talento maior: a agricultura.
Também falta tecnologia para métodos de detecção que ainda são muito lentos e imprecisos e contribuem para manter a tuberculose como a doença infecciosa mais mortal do mundo: cerca de 3 milhões de pessoas deixam de ser diagnosticadas e 1,8 milhão morrem da doença.
Atualmente, a APOPO tem 45 ratos farejadores de minas terrestres e 31 que detectam tuberculose na África e na Ásia, de acordo com informações de seu site.
Agora, assista ao vídeo da PDSA que conta sobre esse trabalho, o Camboja e apresenta o herói Magawa.
Fotos: PDSA/Divulgação
Meio inacreditável essa história desse rato! Fiquei pensando se essa notícia era fake ou ?
Sei lá; nunca li nada igual. Em se tratar de um rato?