A cidade de Alta Floresta fica no extremo norte do estado do Mato Grosso, a 830 km da capital Cuiabá, na divisa com o Pará. Em 8.955,410 km², abriga parte do Parque Estadual Cristalino II (foto abaixo) e um corredor de biodiversidade que abrange unidades de conservação federais e territórios indígenas, que acolhem animais silvestres, entre aves, mamíferos e répteis. Por outro lado, integra a região conhecida como Arco do Desmatamento, onde a fronteira agrícola avança em direção à floresta amazônica e registram-se os maiores índices de devastação. É uma linha imaginária que vai do norte do Maranhão ao Acre, passando pelo MT, Rondônia e sul do Pará.
Além da pressão do agronegócio – em especial da pecuária –, da indústria madeireira e de práticas ilegais como a grilagem, a cidade também “sofre” com a urbanização e o desenvolvimento, que têm contribuído para produzir fragmentos florestais no perímetro urbano, levando à perda de biodiversidade e do habitat de animais e plantas e colocando espécies em risco de extinção.
Esse é o caso de sete dos 12 primatas que podem ser encontrados no município como o zogue-zogue-de-alta-floresta (Plecturocebus grovesi, na foto abaixo), descrito em 2018 numa área muito delimitada entre os rios Juruena e Teles-Pires e sobre o qual contei nesta reportagem.
Vale destacar que cerca de 40% das espécies de primatas do Brasil está em risco de desaparecer, mas, em Alta Floresta, a média chega a quase 70%. E o zogue-zogue que leva o nome da cidade não só faz parte desse ranking, como é um dos 25 primatas mais ameaçados do planeta!
Foi por ele e outros animais silvestres que conservacionistas, a prefeitura e empresas se uniram a uma pesquisadora premiada – a bióloga Fernanda Abra, do Projeto Reconecta, especialista em Ecologia de Estradas -, para tentar reduzir os atropelamentos, um problema grave nas estradas de Alta Floresta e do país. Estima-se que, por ano, morrem nessa condição cerca de 475 milhões de animais, o que equivale a 1,3 milhão por dia e 17 animais por segundo (dados do Centro Brasileiro de Estudos de Ecologia de Estradas – CBEE).
Conectividade entre fragmentos
Assim, em 14 de outubro, o Projeto Reconecta, a Fundação Ecológica Cristalino, a prefeitura de Alta Floresta e diferentes parceiros lançaram o programa ‘Alta Floresta não Atropela’, que integra o Plano Urbano de Mitigação da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e visa promover a conectividade entre os fragmentos florestais, impedindo que os animais – macacos arborícolas principalmente – atravessem ruas e estradas para alcançar o outro lado da mata e sejam atropelados e mortos.
A primeira e principal ação do programa é a instalação de pontes de dossel idealizadas por Fernanda em pontos estratégicos de ruas e estradas de Alta Floresta identificados como críticos por ela.
“As ações do programa consistem em integrar os fragmentos florestais para que os animais não fiquem isolados e, assim, não comprometam a genética de populações das espécies”, explica. “Além disso, reduzir a morte direta por atropelamento aumenta a conservação da fauna e a segurança viária”.
Para tanto, serão instaladas, até o ano que vem, 13 pontes de dossel que ligam os fragmentos na altura das copas das árvores em vias onde ocorrem frequentes acidentes com animais.
Na primeira fase do programa, realizada de 13 a 19 de outubro – a programação também incluiu cerimônia de lançamento, exposição e encontros de educação ambiental com crianças das escolas públicas -, foram instaladas sete pontes: cinco em locais periurbanos e duas em ambientes urbanos.
No primeiro dia de trabalho (13), quando começaram a ser colocados os postes para a instalação posterior das pontes, micos-de-schneider (Mico Schneider, espécie descrita em 2021 e “em perigo” na Lista Vermelha da IUCN) foram encontrados mortos por atropelamento (foto abaixo), numa das ruas com histórico de atropelamentos.
Mas as notícias tristes estão com os dias contados! Duas semanas depois de instalada a primeira ponte, em 1/11, Paulo Silva, morador de Alta Floresta, flagrou micos-de-schneider usando as cordas da ponte de dossel (explico mais adiante sobre os três níveis da obra) para irem, rapidinho, de um fragmento a outro. O vídeo circulou nos grupos de Whatsapp relacionados ao programa e deixou todos super animados.
Na segunda-feira (3), Fernão Prado, empresário de ecoturismo e proprietário da RPPN Fazenda Anacã (parceiro do programa) também viu e filmou micos-de-schneider se divertindo na ponte que conecta sua fazenda à fazenda vizinha, do outro lado da estrada. Ele estava na companhia da filha, Anita, de 7 anos, imagine a alegria dela, que é estrela da campanha institucional do programa. Abaixo, dois momentos desse avistamento emocionante, que você pode assistir no vídeo que reproduzimos no fim deste texto, assim como o filme da campanha.
A animação dos miquinhos – que me fez voltar o vídeo diversas vezes – me fez lembrar do que Fernão disse durante a cerimônia de lançamento do programa, para o público e para os parceiros: “Desde que cheguei em Alta Floresta escuto muito as pessoas dizerem que o centro urbano não tem atrativos, que esta não é uma cidade atraente. Então, a partir de agora, Alta Floresta tem pontos atrativos e turísticos dentro da área urbana. Este projeto vem pra conservar, vem para evitar acidentes e também pra incrementar um negócio na cidade, o turismo, que é bom para a economia”.
E acrescentou: “As pontes de dossel, por si só, já são um atrativo. Imagine quando os macacos começarem a passar por elas!”.
Agora, já sabemos o quanto é encantador ver macaquinhos fazendo a travessia com segurança nas pontes da Fernanda, e o quanto Fernão – empresário e entusiasta do turismo de observação (e de contemplação) em Alta Floresta – estava certo em chamar a atenção para a pegada turística dessas obras tão incríveis.
Sua declaração ganha ainda mais força com outro registro espetacular, desta vez feito por Vick Biondi, chef da pousada da Fazenda Anacã e esposa de Fernão, na mesma ponte, a primeira instalada em Alta Floresta. E ela ainda narrou o flagrante de um jeito muito amoroso, veja:
“Nossa, tem muitos! Êêêêê bicharada! Uns já passaram, outros estão descansando em cima da ponte, e um pula outro e o outro pula um, aí vai pra árvore… Que coisa mais linda, gente! Ai, que fofinhos!”. Também são micos-de-schneider, que descem da ponte direto para troncos de árvore próximos, e sobem por eles para chegarem à ponte, transformando esta obra de engenharia um parque de diversões!
As fotos abaixo, reproduzidas da gravação, não traduzem a dimensão da emoção que é assistir às piruetas dos miquinhos não só nas cordas, mas também na passarela trançada (assista ao vídeo no final deste post).
Materiais, instalação, câmeras trap
Cada ponte de dossel é uma obra inovadora de engenharia e arquitetura, com design adaptável às circunstâncias locais e da fauna. E é produzida pela própria Fernanda, os técnicos do Reconecta, além de colaboradores voluntários locais, que se envolvem na produção.
Em Alta Floresta, membros do Corpo de Bombeiros, colaboradores e estudantes da FEC, além de Gilberto Tavares, funcionário da Fazenda Anacã (Ie nosso guia pé quente em busca de macacos e outros bichos nas terras de Fernão), participaram da produção das pontes, que utilizam materiais como cordas de nylon, cabos e telas de aço, ferragens e tubos PAD, “que é um polímero de alta densidade e alta resistência, que pode durar dez anos”, destaca Fernanda.
Cada ponte tem três tipos de passagem: a passarela em rede e dois cabos trançados (um mais fino e outro mais grosso, que podem ser instalados acima da passarela ou ao lado dela), para atender aos primatas de cauda preênsil, isto é, que usam o rabo para se segurar, independente das mãos, como o mico-de-schneider, o macaco-aranha-de-cara-preta, o macaco-prego e o zogue-zogue-de-alta-floresta.
‘Bichômetro’ vai contar quantos animais foram salvos
Assim que a montagem da ponte é concluída, Fernanda instala uma câmera trap (usada em armadilhas fotográficas pelos pesquisadores; dá pra ver bem onde ela fica numa das fotos dos micos-de-schneider que mostrei acima) num dos postes para registrar os visitantes. E aqui está uma outra parte importante do projeto!
Uma vez por mês, a paraense Maelle Lima de Freitas, que mora em Alta Floresta há 14 anos e é mestranda em Ciências Ambientais na UNEMAT – Universidade do Estado do Mato Grosso, vai retirar os cartões de memória da câmera para checar com que frequência, quais e quantos animais utilizaram a ponte de dossel para fazer a travessia.
Para realizar esse trabalho, Maelle fez curso de escalada e, nos dias em que retirar os cartões de memória, contará com o apoio do Corpo de Bombeiros. Mas, no primeiro dia dessa missão, Fernanda Abra certamente estará junto. Vai ser muita emoção!
A quantidade de bichos que circular pelas passagens aéreas será divulgada num outdoor (foto abaixo) batizado carinhosamente de Bichômetro, instalado na Praça das Capivaras, próxima ao lago homônimo (Avenida Deputado Romoaldo Junior), como uma forma positiva de chamar a atenção do público para a importância da conservação. Também para a segurança dos humanos. “É uma forma de aproximar a população dos animais”, destaca Maelle.
Ela também explicou que os macacos poderiam demorar para se aproximar das pontes principalmente devido ao cheiro dos materiais. Mas, com o tempo, com a chuva, poeira, sol, as cordas certamente mudariam de cheiro e se tornariam mais com convidativas, animando os bichos a explorarem o novo local. Dito e feito.
Próximo de cada ponte, também há placas de sinalização internacional (com o desenho de um veado, adotada no mundo todo, abaixo) e local. Estas indicam uma das espécies de animais silvestres que, por ali, podem passar e, por isso, é importante reduzir a velocidade.
Pontes e rede elétrica
Para iniciar a segunda fase do programa, com mais seis pontes – que, certamente, será implementada no ano que vem -, o Projeto Reconecta aguarda o trabalho da Energisa, companhia de energia elétrica que atua no estado e é parceira do programa.
Seus técnicos estudam formas eficazes e adaptadas ao projeto para isolar cabos e caixas de transmissão a fim de evitar que os animais sejam eletrocutados ao atravessar pelas pontes.
No bairro de Vila Verde, na zona urbana, como o local escolhido para a instalação da ponte não tem caixa de transmissão próxima, foi possível incluí-lo na primeira fase. Assim, em 17/10, os técnicos da Energisa isolaram cabos da rede elétrica e ajudaram os escaladores do Projeto Reconecta a instalarem a ponte acima dos mesmos.
De acordo com Romério Braz, representante da Energisa em Alta Floresta, o isolamento dos cabos próximos desta ponte é temporário e deve ser substituído por outro, mais eficaz e duradouro. “Posteriormente, vamos instalar o protetor definitivo próximo dessa ponte, vamos identificar qual é o melhor que tem no mercado”.
E o especialista destaca: “É importante dizer que, para cada ponte, vamos desenvolver uma maneira diferente de proteção ou adaptação porque a altura pode ser diferente, o cabeamento também…”.
Passagens subterrâneas
O programa Alta Floresta Não Atropela não contempla apenas a instalação das pontes de dossel, mas também outras formas de mitigação como redutores de velocidade, passagens subterrâneas com cercamento e o desassoreamento de bueiros, que poderão ser utilizados como passagens e atender os animais terrestres.
Mas estas ações fazem parte da terceira fase do programa, e só serão implementadas no ano que vem e com novos parceiros, como o Aeroporto Piloto Osvaldo Marques Dias, de Alta Floresta.
Como Fernanda foi parar em Alta Floresta
Tudo começou quando Vitória da Riva Carvalho, fundadora e diretora da Fundação Ecológica Cristalino (FEC) e do Hotel Cristalino Lodge, viu uma anta morta na avenida do Hotel Floresta Amazônica, onde fica a sede da fundação.
“Depois foram primatas e aquilo me deu uma aflição muito grande. Comentei com Mariana, coordenadora do projeto de educação ambiental da FEC, que levou o problema para Conselho Municipal do Meio Ambiente, o Comdema. Em seguida, falei com meu amigo Fernão [Prado, que incentiva o turismo de observação na região com a pousada e a RPPN Fazenda Anacã, sobre a qual escrevi em setembro], que me disse que conhecia uma pessoa que poderia ajudar: a Fernanda Abra”.
No currículo, a bióloga já tinha 32 pontes de dossel instaladas este ano na rodovia federal BR-174 (que liga Manaus à Boa Vista) , com apoio do DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes e da comunidade indígena Waimiri-Atroari, que vive na região entre Roraima e Amazonas.
Há anos, os indígenas dessa etnia tentavam impedir os atropelamentos de animais, principalmente macacos, implementando uma espécie de conectividade natural entre os fragmentos de floresta formados quando a rodovia cortou sua terra, em 1998.
O trabalho do Reconecta na BR-174 foi um sucesso, os atropelamentos diminuíram e os animais estão super adaptados às pontes de dossel. E Fernanda já está comprometida com outros estados (como Mato Grosso do Sul, que quer travessias de fauna em trechos da BR-262, e São Paulo) e no exterior, no Suriname.
No ano passado, Vitória ligou para Fernanda e a convidou para ir à Alta Floresta. “Ela conheceu o município, os parceiros, se entusiasmou com o entusiasmo que ela viu em todos, um sentimento genuíno de querer fazer alguma coisa”.
A pesquisadora identificou os pontos críticos da cidade onde deveriam ser instaladas as pontes. A partir daí foi elaborado o Plano Urbano de Mitigação e realizada a vistoria da rede elétrica com a Energisa.
Entre 22 e 26 de julho deste ano, a bióloga apresentou o planejamento do trabalho a várias instituições públicas municipais, estaduais e federais do município. E, em meados de outubro, estava tudo pronto para começar a instalação. Foi o que presenciei.
Entusiasmo contagiante
Estive na cerimônia de lançamento do programa ‘Alta Floresta não Atropela‘, em 14 de outubro. Conheci os 11 dos 12 primatas que vivem na região numa pequena exposição com imagens de autoria de fotógrafos conservacionistas. Acompanhei as apresentações do programa para crianças da rede pública e a instalação das primeiras pontes de dossel.
Foram quatro dias intensos de convívio com Fernanda, os escaladores do Reconecta, com dona Vitória, Josana Salles e Lucas Araújo, da FEC, com Fernão da Fazenda Anacã (que, num passeio em sua RPPN, mostrou um angelim gigantesco que não existiria mais se ele não tivesse comprado a área do vizinho), com educadoras da FEC e profissionais da prefeitura, como Gercilene Meira Leite (secretária do meio ambiente), o biólogo José Alessandro Rodrigues (diretor de desenvolvimento sustentável na secretaria do meio ambiente), além de colegas jornalistas muito queridos, e pude sentir a atmosfera de entusiasmo destacado por Vitória.
Também compreendi por que Fernanda Abra se encantou tanto com a cidade e seus anfitriões e doou o prêmio que ganhou, em maio, da organização britânica Whitley Fund for Nature (WFN) – considerado o Oscar da Conservação da Natureza, para viabilizar o projeto das pontes.
“Alta Floresta tem tudo! Vocês ainda têm os macacos, têm grandes fragmentos florestais e têm pessoas e organizações que querem fazer a diferença. Eu não poderia estar mais feliz”, declarou a bióloga na cerimônia de lançamento do programa.
“Hoje eu tive que colocar meus óculos de sol, mesmo na sombra, várias vezes porque meus olhos encheram de lágrimas ao ver tanta gente da sociedade de Alta Floresta mobilizada para construir pontes de macaco com a gente. Quantas pessoas nós estamos inspirando? Quantas atitudes a gente vai conseguir mudar neste município, que é riquíssimo em fauna? Vocês têm o zogue-zogue-de-alta-floresta! Na primeira vez que eu o vi, quase morri, mas ele está criticamente ameaçado de extinção. Se ele for extinto significa que todos nós falhamos, miseravelmente, em salvar uma espécie que leva o nome desta cidade! Mas tá muito fácil salvar o zogue-zogue, né? Implementar o plano de mitigação já é um grande passo. Mas existem muitas coisas incríveis que a gente pode fazer por Alta Floresta, pelos municípios do entorno e pelos municípios da Amazônia”.
E finalizou: “Hoje, meu sentimento é de muita gratidão à equipe do Reconecta e a todos os parceiros sensacionais que estão com a gente. Porque ninguém faz projetos grandes, que fazem a diferença, sozinho. Pra esses a gente precisa de muita gente boa, como vocês”.
Que essa gente boa, que também conheci em Alta Floresta, se entusiasme e se fortaleça cada vez mais para levar adiante seu desejo de proteger a natureza e os animais, transformando a cidade em símbolo de conservação do Centro-Oeste, inspirando cidadãos, estados (o MT, por exemplo) e diferentes cidades pelo Brasil, em especial Novo Mundo (que divide o Parque Estadual Cristalino II – tão ameaçado – com Alta Floresta), Novo Progresso (ali, pertinho e famosa pelo ‘Dia do Fogo’) e Sinop que, vista do avião, parece uma colcha de retalhos de tão massacrada pela agricultura.
Parceiros
Desenvolvido pelo Projeto Reconecta, pela Fundação Ecológica Cristalino (FEC) e pela prefeitura de Alta Floresta, o programa ‘Alta Floresta não Atropela’ conta com o apoio dos seguintes parceiros: o Instituto Ecótono, o primatólogo e professor Dr. Gustavo Canale que é vice-presidente da Sociedade Brasileira de Primatologia, a Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) – Campus Sinop,o ICMBio, o IBAMA, a Fazenda Anacã, a 7ª Companhia Independente de Bombeiro Militar (CIBM) – Alta Floresta, a Diretoria Regional de Alta Floresta (SEMA/MT), o Aeroporto de Alta Floresta/COA, a vereadora Ilmarli Teixeira e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA).
A seguir, assista à declaração de Fernanda Abra sobre os micos atropelados no primeiro dia de instalação das pontes; aos vídeos dos micos-de-schneider se divertindo na ponte de dossel 1, gravados por Fernão e Vick, da Fazenda Anacã; e ao filme da campanha institucional do programa Alta Floresta não Atropela, com a menina Anita, de sete anos.
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Ver essa foto no InstagramUma publicação compartilhada por Fundação Ecológica Cristalino (@fundacaocristalino)
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Foto (destaque): Projeto Reconecta/divulgação