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A “Toyoca” do Cacique

A Toyoca do Cacique

Esta história começa em 2001, na Reserva Rio das Furnas, um pedaço de terra no município de Alfredo Wagner, na Serra da Boa Vista, a 80 km de Florianópolis, que transformamos em Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) e ano passado passamos para as mãos de três professores da Universidade Federal de Santa Catarina.

Foi ali que nasceram nossos sonhos de explorar e fotografar a biodiversidade brasileira. O primeiro deles foi realizado em 2010, com a publicação do poster das Aves da Floresta Atlântica.

Para colocar o pé na estrada transformamos nossa Toyota Bandeirante 89 em uma “casa itinerante” e foi com ela que exploramos o Pantanal em 2011, a Amazônia em 2012, o Pampa em 2013, o Cerrado em 2014, a Caatinga em 2015 e a Costa Brasileira, em 2019.

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Para cada bioma criamos posters, caixas de fotografias e fizemos muitas Rodas de Passarinho – nossos encontros com crianças de escolas e comunidades nas cidades em que estivemos. Sentados sempre em roda, nossa ideia era – e ainda é -, aproximar gente e passarinho.

Mas durante a expedição à Amazônia, nossa Toyota virou “Toyoca”, história que decidimos contar neste post.

O cacique, na verdade, não era um líder de um clã, mas uma criança da aldeia Sete de Setembro, dos Paiter Surui. Com aproximadamente 5 anos, o menino, de sorriso largo, que aparece na imagem que abre este texto, permaneceu conosco todo o tempo em que estivemos por lá. E seu apelido era “Cacique”.

Seu nome para os “brancos” era Kennedy, mas todos só o chamavam de Cacique e ele adorava isso.

Foi ele que batizou nossa Toyota de “Toyoca”. Para ele morávamos numa “oca de ferro”, que precisava ser consertada, pois estava repleta de buracos!

Mesmo depois da recomendação do pequeno Cacique, a Toyoca continuou remendada com fibra de vidro, silicone e silvertape até o final de 2017, quando foi desmontada até o último parafuso.

No seu miolo tinha desde argila da reserva até poeira da Caatinga. Após dois meses de estaleiro, em janeiro de 2018, saiu tinindo, aclamada nas ruas e recebendo propostas indecentes de compra nos postos de combustível por onde passávamos. Estava prontinha para a nossa próxima expedição.

Todavia, mesmo novinha em folha, até hoje, chamamos carinhosamente nossa casa sobre rodas de Toyoca e lembramos sempre do Cacique no volante, fazendo “brumm, brumm”, “buzinando” e acionando todos os comandos do veículo com delicadeza e precisão. Um líder nato!

A "Toyoca" do Cacique

Nossa “Toyoca” começando a ser desmontada

A "Toyoca" do Cacique

O esqueleto da Toyota

A "Toyoca" do Cacique

Nossa “oca de ferro”, na Aldeia Guarani, em Barra do Una

Iluminados pela lua cheia do Caparaó, ao pé do Pico da Bandeira

Leia também:
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Fotos: arquivo pessoal

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