A líder indígena brasileira Sonia Guajajara, da Terra Indígena de Araribóia, no Maranhão, ex-coordenadora da APIB – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil e atual candidata a uma vaga de deputada federal, está entre os indicados ao Prêmio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, o maior reconhecimento de direitos humanos da Europa.
Em geral, a Comissão de Assuntos Externos do Parlamento seleciona três finalistas, mas este ano, são quatro.
Assim, concorrem com a ativista brasileira o jornalista australiano Julian Assange, criador do site Wikileaks, o presidente da Ucrãnia, Volodymyr Zelensky, o povo ucraniano e a Comissão da Verdade Colombiana, órgão autônomo, que atua para esclarecer características e causas do conflito armado no país, desde o final os anos 1940.
Liderança inspiradora
Sonia foi indicada pelo bloco ecologista no Parlamento por sua dedicação à luta dos povos indígenas e em defesa da floresta, em especial com o governo Bolsonaro, quando as ameaças aos povos indígenas aumentaram.
O fortalecimento do movimento indígena nos últimos seis anos – a partir de Temer – tem sua marca registrada.
Lembrando que “os povos indígenas estão sob ameaça, especialmente no Brasil”, a eurodeputada Anna Cavazzini reconhece que a indígena é uma “liderança inspiradora”.
Em maio deste ano, Sonia entrou para a lista das 100 pessoas mais influentes do mundoeleitas pela revista TIME, juntamente com o pesquisador brasileiro Tulio de Oliveira.
Na disputa
Assange é importante ativista pelas lutas populares e pela liberdade de informação e vítima de perseguição política. Continua detido em Londres, aguardando recurso contra sua extradição para os Estados Unidos.
Zelensky foi indicado pelo Partido Popular Europeu (EPP) e a ala dos parlamentares conservadores. Ele também está na lista da TIME.
Os socialistas nomearam a sociedade civil ucraniana, devido à “batalha desigual contra o agressor brutal que está espezinhando os direitos humanos”, como declarou Pedro Marques, deputado pelo bloco Socialistas e Democratas.
O prêmio de 50 mil euros será entregue pelo presidente do Parlamento em sessão plenária, em 10 de dezembro, dia em que foi assinada a Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas.
Um pouco de história
Concedido desde 1988, quando Nelson Mandela foi homenageado, o Prêmio Sakharov para a Liberdade de Pensamento foi criado pelo Parlamento Europeu, em dezembro de 1985, para homenagear pessoas ou organizações que se dedicam à defesa dos direitos humanos e da liberdade.
O prêmio foi batizado em homenagem ao cientista nuclear e dissidente Andrei Sakharov, defensor das liberdades civis na União Soviética, que foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz em 1975.
Os candidatos são indicados pelos deputados e grupos políticos do Parlamento Europeu. Os finalistas selecionados pela Comissão de Assuntos Externos e os presidentes dos grupos políticos (chamada de ‘conferência dos presidentes’) escolhe um ou mais agraciados.
Entre os agraciados com o Prêmio Sakharov estão As Mães da Plaza de Mayo (Argentina), em 1992; a Organização da Nações Unidas (ONU), em 2003; a ONG Repórteres sem Fronteira, em 2005 (quando o prêmio foi entregue para mais dois finalistas: Damas de Branco, de Cuba, e Huawa Ibrahim, da Nigéria); a ativista paquistanesa Malala Yousafzai, em 2013, a pessoa mais nova laureada com um Prêmio Nobel (da Paz, em 2014); e o ativista político russo Alexei Navalny, em 2021 (ele está detido na Rússia).
Foto (destaque): Mídia Ninja