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80% da área do refúgio ecológico Caiman é destruída pelo fogo no Pantanal

80% da área do refúgio ecológico Caiman é destruída pelo fogo no Pantanal

Em 2019, o refúgio ecológico Caiman, uma área de 53 mil hectares localizada no município de Miranda, no Mato Grosso do Sul, tinha enfrentado o pior incêndio de sua história. Mas a tragédia de cinco anos atrás não se compara ao ocorrido agora ali. Somado ao que já tinha sido destruído numa queimada em julho, o fogo que se alastrou por diversas regiões do Pantanal nos últimos dias queimou 80% da propriedade.

“Nos últimos anos, por conta das mudanças climáticas, os episódios de incêndio têm sido cada vez mais frequentes no Pantanal como um todo”, relata Renata McNair, head de marketing da Caiman. “Mas infelizmente a queimada de 2024 foi a maior ocorrida na Caiman.”

Pela dimensão da destruição, a Caiman divulgou nota em suas redes sociais anunciando o fechamento temporário do hotel localizado dentro da propriedade.

“Nossa prioridade e nosso propósito são – e sempre foram – a conservação da fauna e da flora, as milhares de espécies que encontram aqui uma morada segura. Pelos próximos dois meses, portanto, vamos fechar nossa operação hoteleira e, assim, focar nossos esforços na recuperação desta biodiversidade tão fundamental ao planeta”, diz o texto.

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A Caiman é parceira de diversas organizações que atuam na região e vários projetos são realizados em sua propriedade, como é o caso do Instituto Arara Azul, que trabalha pela proteção e conservação da espécie, a Anodorhynchus hyacinthinus, e possui uma base ali, com vários ninhos dessas aves. Infelizmente, vários deles foram perdidos, como você ouve no relato mais abaixo, da bióloga Neiva Guedes.

“Estamos fazendo registros e um levantamento de tudo o que ocorreu, incluindo o número de animais mortos, mas é importante lembrar que quando se fala em uma área de 53 mil hectares, qualquer dado divulgado pode ser uma estimativa”, diz Renata. “Nosso foco é e sempre foi preservar a biodiversidade do Pantanal. Estamos organizando uma série de iniciativas relacionadas à saúde e à alimentação da fauna junto com os projetos parceiros sediados aqui na Caiman, como o Onçafari e o Instituto Arara Azul, e, em breve, elas serão colocadas em prática”.

Ainda segundo a executiva de marketing, será intensificada uma série de projetos de prevenção ao fogo, iniciados nos últimos anos, incluindo a queimada prescrita, a construção de açudes e o levantamento de biomassa.

Ecoturismo e conservação da fauna e flora pantaneira

A Caiman é um projeto do empresário e ambientalista Roberto Klabin. Quando criança o paulistano passava as férias na fazenda da família no Pantanal e foi ali, na terra pela qual era tão apaixonado, que resolveu investir. O refúgio ecológico foi inaugurado em 1985 e desde então se tornou uma referência, ao aliar turismo e conservação.

A propriedade, que fica completamente inserida no meio da natureza selvagem, é lar de mais de 500 espécies de animais, entre elas, a onça-pintada (Panthera onca), o maior felino das Américas. Dentro da Caiman há também a Reserva Particular do Patrimônio Natural Dona Aracy, criada em 2004, uma área de 5,6 mil hectares, fechada a visitantes.

A previsão é que o serviço hoteleiro da Caiman seja reaberto no final de setembro.

“Apesar de obviamente estarmos todos consternados, seguimos otimistas e motivados a fazer o que for preciso para transformar esta situação. A resiliência, afinal, sempre fez parte da nossa história, desde o dia em que resolvemos criar um refúgio ecológico em uma área, até então, restrita à pecuária”, diz ainda a nota divulgada na terça-feira (06/08). “A pausa, para nós, é uma oportunidade de melhorar, relembrar o sonho que nos trouxe até aqui e reafirmar nosso compromisso com a conservação. Foi assim no incêndio de 2019, na pandemia e em outras ocasiões. Já estamos a todo vapor ao lado de biólogos, cientistas e outros especialistas para implementar iniciativas que recuperem áreas e espécies prejudicadas. Também vamos aproveitar o momento para concretizar algumas melhorias na nossa estrutura.”

No texto, assinado por Klabin, ele reforça a necessidade dos brasileiros continuarem visitando o Pantanal.

“Para nós, a mensagem é clara: a gente só preserva aquilo que conhece e o bioma precisa de cada vez mais pessoas contando ao mundo sobre seu potencial”, e completa: “O Pantanal não cansa de nos mostrar sua capacidade de se transformar e é ela que nos move a seguir em frente. Aqui, a vida vai perdurar sempre.”

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Foto de abertura: reprodução Instagram Instituto Arara Azul

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