Conhecida como o “pulmão da África”, a Bacia do Congo fica dentro da segunda maior floresta tropical do planeta, se espalhando por seis países, em uma área de 200 milhões de hectares. Ela é o maior sumidouro de carbono do mundo, absorvendo mais carbono do que a Amazônia. Esse ecossistema gigantesco é habitat de uma riquíssima biodiversidade e nos últimos dez anos, nada menos do que 742 espécies da fauna e flora foram descritas ali, na última década, como revela um relatório recém-divulgado pela organização internacional WWF.
Essa é apenas uma pequena fração da vida que acredita-se existir na região. A estimativa é que a Bacia do Congo seja o lar de 10 mil espécies de plantas tropicais, sendo que 30% são endêmicas, ou seja, só são encontradas nela e em nenhum outro lugar do mundo.
“As florestas influenciam a chuva em toda a África e abrigam muitas espécies ameaçadas de extinção. Elefantes da floresta, chimpanzés, bonobos e gorilas das terras baixas e das montanhas as habitam, mas também o icônico ocapi e o pavão congolês. Suas sobrevivências dependem do equilíbrio mantido por este ecossistema”, afirma Martin Kabaluapa, diretor regional da Bacia do Congo, da WWF International.
Embora por 50 mil anos os humanos tenham coexistido com a natureza na Bacia do Congo, atualmente mais de 75 milhões de pessoas dependem dessa área para sua subsistência e a pressão sobre a vida selvagem fica cada vez maior.
Por isso mesmo, a divulgação do relatório traz um importante alerta sobre a necessidade de implantação de programas de conservação para proteger esse ecossistema tão único e frágil.
“Passei o início da minha carreira fazendo pesquisas sobre a vida selvagem em muitas partes da Bacia do Congo e sempre fiquei surpreso com sua biodiversidade. Então, este relatório não é uma surpresa para mim, mas sim um chamado à ação”, destaca Allard Blom, vice-presidente do WWF para florestas africanas. “Precisamos fazer mais, pois a Bacia do Congo continua sendo um dos lugares menos pesquisados do planeta e precisa urgentemente de proteção adicional.”
Segundo o relatório, que contou com o trabalho de centenas de especialistas e pesquisadores de universidade, organizações e instituições do mundo inteiro, entre 2013 e 2023 foram descritas 430 novas espécies de plantas, 140 invertebrados, 96 peixes, 22 anfíbios, 42 répteis, 10 mamíferos e duas aves.
Entre essas descobertas estão um crocodilo de focinho fino (Mecistops leptorhynchus), uma libélula nomeada em homenagem a um álbum do Pink Floyd (Umma gumma), uma coruja com um chamado semelhante ao de um gato (Otus bikegila), uma temida víbora venenosa de cor alaranjada (Atheris mongoensis) e ainda, uma cobra d’água (Naja nana), também peçonhenta – que aparece na foto que abre este texto.
O país onde ocorreu o maior número de descrições foi a República Democrática do Congo, totalizando 259 delas, seguido por Camarões, com 238.
—————————
Acompanhe o Conexão Planeta também no nosso canal no WhatsApp. Acesse este link, inscreva-se, ative o sininho e receba as novidades direto no celular
Leia também:
Após treze anos vivendo num parque na Inglaterra, o gorila Joshi é levado para o Congo
Belíssima ave de crista amarela, tida como extinta, é redescoberta em montanhas do Congo
Foto de abertura: Anthony Laing via Wikimedia Commons