Após treze anos vivendo num parque na Inglaterra, o gorila Joshi é levado para o Congo

Após treze anos vivendo num parque na Inglaterra, o gorila Joshi é levado para o Congo

O gorila Joshi nasceu e passou os últimos treze anos no Howletts Wild Animal Park, em Kent, na Inglaterra. O macho, que pesa quase 200 kg, é um animal dócil, acostumado com os seres humanos, assim como outros milhares de sua espécie ao redor do mundo, nascidos em cativeiro. Mas há pouco mais de um mês, esse animal fez uma viagem que irá mudar sua vida para sempre. Ele foi levado para o Congo, na África, para ser reintroduzido na vida selvagem. Joshi é um gorila-das-montanhas, pertence à espécie Gorilla gorilla, considerada criticamente ameaçada de extinção pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês),

O processo de reintrodução de Joshi na natureza faz parte da iniciativa “Back To The Wild” da também britânica Aspinall Foundation, que ao longo dos últimos 30 anos, já devolveu a seu habitat natural 70 gorilas, oito rinocerontes, dois guepardos e outras centenas de espécies.

A jornada para que o gorila chegasse até a reserva de Lesio Louna, no Congo, foi bastante longa. Ele percorreu quase 9 mil km de distância, dentro de uma caixa especial para que o desconforto da viagem fosse o menor possível, e esteve sempre acompanhado por seus cuidadores. Joshi saiu do aeroporto de Stansted, em Londres, fez uma parada em Luxemburgo, para só então seguir para Brazzaville, seu destino final.

Joshi, dormindo sedado durante a viagem

Pelos próximos dois meses aproximadamente o gorila ficará num recinto fechado, no meio da mata, se aclimatando ao novo habitat. Joshi precisará se acostumar com a temperatura local e com alimentos diferentes, que ele irá encontrar quando for finalmente solto.

Na segunda etapa do processo de reintrodução, Joshi será apresentado a dois outros gorilas, mais jovens. Ambos nasceram na floresta, mas ficaram órfãos. A expectativa é que os três formem um grupo e assim sua sobrevivência na vida selvagem seja mais fácil.

O próximo passo para a soltura de Joshi e dos outros dois gorilas acontecerá em cerca de um ano, quando eles serão levados até uma ilha e só após algum tempo, liberados na floresta, de onde serão monitorados o tempo todo pela equipe da Aspinall Foundation. Todo o projeto conta com a parceria do ministério do Meio Ambiente do Congo.

Joshi terá a companhia de outros dois gorilas, mais jovens, muito em breve

“A Aspinall Foundation acredita fundamentalmente que, sempre que possível, os animais pertencem à natureza. Este projeto é o último capítulo emocionante em uma história que remonta a mais de 30 anos. Estamos extremamente orgulhosos de que, apesar de uma pandemia global, transportamos Joshi com sucesso para iniciar a primeira fase de sua jornada de retorno à vida selvagem. Com base em nossos projetos anteriores, esperamos que Joshi se adapte rapidamente à sua nova vida”, afirmou Damian Aspinall, presidente da entidade.

O menor dos gorilas-das-montanhas

De todas as quatro subespécies de gorila, o Gorila das Planícies Ocidentais, como é o caso de Joshi, é a menor delas. Com altura e peso médios de 1,8 metros e 131 kg, os machos adultos se diferenciam dos demais indivíduos do grupo pelo tamanho e por uma pelagem cinza nas costas.

Herbívoros, esses gorilas se alimentam basicamente de frutas, folhas, arbustos e ervas. Um adulto chega a ingerir 32 quilos de comida por dia. Em geral vivem em grupos menores do que outras subespécies, com uma média de cinco animais, liderados pelo macho dominante de dorso prateado. Dormem em ninhos no chão feitos de folhas ou galhos de árvores, comunicando-se por meio de sons e também de sinais visuais.

A espécie é encontrada numa área de 700 mil km2 ao longo da Bacia do Congo, espalhados pelas montanhas de Angola, Camarões, República Centro-Africana e Guinea Equatorial Guinea.

*Com informações adicionais da World Land Trust

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Fotos: reprodução Facebook Aspinall Foundation

Um comentário em “Após treze anos vivendo num parque na Inglaterra, o gorila Joshi é levado para o Congo

  • 22 de julho de 2021 em 3:09 PM
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    Penso que essa força poderosa que move humanos bons a esforços tão desafiadores e inabituais, minimizando espaço e tempo a fim de alcançar objetivos nobres, visando melhorar as condições de vida de um animal que poderia ser qualquer um de nós; essa garra além do normal que eles possuem, indiferentes ao próprio conforto e bem estar em favor de um indivíduo inocente e puro, a fim de lhe proporcionar felicidade; esse impulso místico que os faz arrostar os problemas mais difíceis, mesmo à frente de improváveis soluções; essa chama interior que os unifica e enlaça, como varas enfeixadas para serem mais fortes, chama-se Deus. A presença de Deus é que os move para a frente e para o alto, para que exteriorizem grandeza e superioridade, ainda que indiferentes ao mérito próprio. A presença de Deus neles é que torna possível. A presença de Deus.

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.