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3,3 milhões de casos de dengue podem ser evitados, por ano, se o mundo cumprir o acordo climático

Estudo divulgado esta semana pela publicação científica Proceedings of the National Academy of Sciences, garante que limitar o aquecimento global em 1,5ºC pode evitar cerca de 3,3 milhões de casos de dengue por ano na América Latina e no Caribe.

Se a temperatura bater os 2°C, a redução será um pouco menor: 2,8 milhões de casos evitados por ano até 2.100. Mas se a emissão de gases de efeito estufa se mantiver no ritmo atual e o aumento da temperatura global ultrapassar os 3ºC, teremos 7,5 milhões de novos casos de dengue por ano no mundo.

O Brasil seria o país mais beneficiado pelo controle do aquecimento global em 1,5° C, segundo o estudo, e poderia evitar  meio milhão de casos de dengue por ano. No topo do ranking de infecção estão o México, alguns países do Caribe, o norte do Equador, a Colômbia, a Venezuela e o litoral brasileiro. Os pesquisadores também descobriram que limitar o aquecimento global seria uma medida essencial para evitar a expansão da doença para áreas onde a incidência é atualmente baixa, como no Paraguai e no norte da Argentina.

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O deslocamento das espécies e a transformação do ecossistema pode facilitar ainda mais a proliferação de agentes patogênicos pelo planeta – e ajudar a propagar também a malária e a zika. Suspeita-se que a epidemia de zika de 2015, por exemplo, tenha relação direta com o aquecimento anormal agravado pelo El Niño. “O aumento da temperatura se coloca como uma grave ameaça à saúde da população brasileira, com o agravante que sabemos que o aumento da temperatura é desigual – e algumas regiões se aquecem mais que outras”, disse o líder da pesquisa Felipe Colón-González, da Escola de Ciências Ambientais da Universidade East Anglia, no Reino Unido.

A dengue é uma doença tipicamente tropical e está presente em mais de 100 países. Ela infecta cerca de 390 milhões de pessoas em todo o mundo a cada ano, com uma estimativa de 54 milhões de casos na América Latina e no Caribe. O mosquito Aedes Aegypti, que transporta e transmite o vírus, se reproduz em condições quentes e úmidas. Não há tratamento específico ou vacina para a dengue que, em alguns casos, pode ser letal.

Para chegar ao resultado, a equipe se baseou em relatórios clínicos e laboratoriais de dengue de todos os países da América Latina e usou modelos de computador para prever os impactos do aquecimento sob cenários climáticos diferentes. A pesquisa foi conduzida pela Universidade de East Anglia, no Reino Unido, em colaboração com cientistas da Universidade Federal de Mato Grosso.

Foto: Marcos Teixeira de Freitas/Creative Commons/Flickr (Aedes Egypt)

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