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1ª medalha de ouro do Brasil nas Olimpíadas é da judoca Beatriz Souza, que derrotou atleta israelense

Beatriz Souza tem 26 anos e, hoje (2), conquistou sua primeira medalha olímpica no judô, na modalidade +78kg. Esta é também a primeira medalha de ouro do Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris

Na final, ela enfrentou Raz Hershko, atleta de Israel – a segunda da modalidade no mundo -, e, de acordo com especialistas, dominou a luta toda após manter a adversária no chão, de costas, nos primeiros segundos. Esse golpe é chamado de waza-ari.

Na semifinal, Bia venceu a francesa Romane Dicko – a número um no ranking mundial, com um golpe chamado Ippon (dois waza-ari).

No ranking mundial, a atleta ocupa a quinta posição e, agora, garantiu mais medalhas para o país.

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Bia Souza celebra a vitória e sua primeira medalha de ouro
Foto: Alexandre Loureiro/COB

Negra, muito grande e muito alta

Para mim (não se trata de opinião do Conexão Planeta), além da emoção de ver uma jovem esportista brasileira vencendo numa Olimpíada, há duas questões muito marcantes. A primeira é o fato de Bia ser negra num país racista e preconceituoso (venceu diversos dilemas devido a seu corpo também). 

Em entrevista à Mídia Ninja, logo após a vitória, declarou: “Pretas e pretos do mundo todo, acreditem! Às vezes, a gente acha que pode estar pagando muito caro [por algo], mas vale cada centavo quando a gente conquista o que a gente quer”.

Em maio, à revista feminina Glamour, revelou que, na adolescência, se sentia desconfortável por ser “muito grande e muito alta” em relação às amigas. Disse que foi uma fase difícil em que não se aceitava, mas o judô ajudou a mudar essa percepção.

“Aprendi que a melhor coisa que poderia fazer por mim era amar meu corpo”. E acrescentou: “Acham que só porque sou gorda não faço dieta e não sou saudável. Criticam sem saber. Além de ser a minha ferramenta de trabalho, essa sou eu. É o que me define, o que me faz acordar e dormir. Tudo aconteceu e acontece por causa deste corpo”. 

Beatriz também declarou, na mesma ocasião, que estava “muito confiante de que teria um bom resultado em Paris”, mas que isso não ia ser uma obsessão. “Vou me divertir na competição, que é o que eu mais gosto de fazer. Tenho certeza de que ainda vou conquistar o mundo”. Alguém duvida?

A segunda questão marcante de sua participação em Paris é que Bia venceu uma atleta reservista do exército israelense (se alistou em 2016), que tem dedicado suas vitórias aos soldados que atuam em Gaza, matando palestinos, a maioria crianças e mulheres. Segundo a revista científica The Lancet, os mortos podem ultrapassar 180 mil, como contamos aqui.

Devido a esse genocídio – iniciado em outubro de 2023, dias após ataque do Hamas à Israel -, a presença de Israel nas Olimpíadas é controversa. A melhor resposta para todos os atletas presentes, então, seria a derrota, voltar pra casa sem medalhas ou, ao mesmo, sem as de ouro.

Sei que não foi por isso que Bia venceu – inclusive porque ela e Raz se conhecem de outras disputas -, mas sua vitória deixou muita gente, que torce pelo povo palestino em Gaza ou em qualquer lugar do mundo, feliz. Foi um momento simbólico.

Trajetória

Beatriz Souza nasceu em Itariri e foi criada em Peruíbe, cidade litorânea de São Paulo. Lá começou a praticar judô aos sete anos, seguindo os passos do pai. 

Com a Torre Eifel, símbolo de Paris, ao fundo, Beatriz mostra a medalha de ouro
Foto: Beatriz Riscado/CJB

Aos 15 anos, mudou-se para a capital porque queria aprimorar sua prática e competir. E, na cidade grande, enfrentou uma rotina diferente e cheia de desafios.

Acordava todos os dias às 4h para chegar à escola às 7h e, depois das aulas, corria para o clube, onde treinava até a noite, com total resiliência.

Valeu cada segundo de esforço: chegou ao quarto lugar no ranking brasileiro, acumulando títulos e reconhecimento. E, em Paris, participa de sua primeira Olimpíada.

No ano passado, Beatriz foi eleita a melhor judoca do ano pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB). Também foi eleita a melhor judoca no Prêmio Brasil Olímpico e tornou-se rotina em sua vida subir ao pódio.

Conquistou medalha de bronze no mundial disputado em Doha, no Qatar (onde já tinha abocanhado a prata em 2022) e nos Jogos Pan-Americanos de Santiago e conquistou o título do Grand Slam de Baku, no Azerbaijão.

Este ano, faturou o ouro no Grand Prix de Linz, na Áustria (primeira competição que disputou este ano) e outro ouro no Campeonato-Americano e Oceania de Judô. Agora, são três!

Bia chegou a final olímpica após uma trajetória tecnicamente impecável durante as fases de classificação, e conquistou a primeira medalha ouro do Brasil nos Jogos de Paris ao derrotar uma adversária israelense.

Vale lembrar que, em 2020, a brasileira ficou de fora dos Jogos Olímpicos de Tóquio, pois perdeu a vaga para Maria Suelen Altheman, que se aposentou aos 34 anos. Mas a vida é cheia de surpresas e Altheman tornou-se sua treinadora no Clube Pinheiro, em São Paulo. E ela treinou com garra para chegar à sua primeira disputa olímpica como uma grande esperança de medalha para o Brasil. E deu ouro!

Agora, se emocione com a Bia, que levou a bandeira do Brasil ao lugar mais alto do pódio pela primeira vez em Paris, no vídeo em que vê a bandeira subindo e o ouve o Hino Nacional.

 
 
 
 
 
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Foto (destaque): Alexandre Loureiro/COB

Com informações do COB, COI, CJB, G1, Folha de SP

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deonisio
deonisio
1 mês atrás

faltou dizer que ela é atleta militar do exercito brasileiro.

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