
Agora, quando completam pouco mais de duas semanas de vida, o Zoológico de São Paulo anuncia o nascimento de mais dois filhotes de arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari), espécie endêmica do Brasil só encontrada na natureza no estado da Bahia e em nenhum outro lugar do mundo, e que está em risco de extinção.
As ararinhas nasceram em 17 e 20 de fevereiro e por ser uma espécie ameaçada, estão sob os cuidados da equipe técnica do zoológico. Assim que os ovos do casal Maria Clara e Francisco foram descobertos eles foram transferidos para uma incubadora e ali foram acompanhados até a sua eclosão.
“Para nós é sempre uma alegria quando há sucesso reprodutivo, até por conta dos desafios que existem para formar casais de aves. O comportamento reprodutivo das aves é complexo e muito interessante. Para que haja a formação de novos casais é preciso que haja afinidade entre eles, e é necessário oferecer um ambiente estimulante para que ocorra a reprodução”, explica Fernanda Vaz Guida, bióloga chefe do setor de aves.

Foto: divulgação Zoológico de São Paulo
Esta não é a primeira vez que o Zoológico de São Paulo obtém sucesso na reprodução em cativeiro da espécie. Em 2015 a instituição foi a primeira no país a ter êxito com o processo. Desde então, 23 araras-azuis-de-lear já nasceram ali e cinco foram encaminhadas para a soltura em vida livre.
Não se sabe ainda o sexo das duas novas ararinhas, que só será descoberto por meio de exame de DNA, assim que as primeiras penas começarem a sair.

possível saber o sexo
Foto: divulgação Zoológico de São Paulo
A arara-azul-de-lear tem a plumagem toda em um tom de azul vibrante e apenas dois pontos amarelos na face, um deles em volta dos olhos. Todavia, essa ave brasileira belíssima quase foi levada à extinção por causa do tráfico de animais silvestres e pela perda de habitat. Em 2001, foram registrados pouco mais de 200 indivíduos na região ao norte da Bahia, o único refúgio da espécie.
Duas décadas depois, graças a esforços de conservação, o mais recente censo, realizado em 2024, apontou que nas áreas do Raso da Catarina e do Boqueirão da Onça (BA) foram observados 2.548 indivíduos, frente a 2.273 na última contagem em 2022, o que representa um leve aumento. Apesar do aumento de sua população, a arara-azul-de-lear ainda é classificada como em “perigo de extinção” (leia mais aqui).

Foto: João Marcos Rosa
O censo e o Projeto de Soltura Monitorada da Arara-azul-de-lear no Boqueirão da Onça são liderados pelo Grupo de Pesquisa e Conservação da Arara-azul-de-lear, com o suporte de instituições nacionais e internacionais, entre as quais o Zoo São Paulo e o CEMAVE/ICMBio.
O zoológico paulista possui acordos de cooperação com instituições governamentais, privadas, universidades e sociedade civil focados em diferentes temas, como em programas de conservação e revigoramento populacional, entre os quais da arara-azul-de-lear.
———————–
Acompanhe o Conexão Planeta também pelo WhatsApp. Acesse este link, inscreva-se, ative o sininho e receba as novidades direto no celular
Leia também:
Nascem em vida livre filhotes de arara-azul-de-lear, resultado de soltura de aves de cativeiro no norte da Bahia
Produção de energia eólica x proteção de espécies ameaçadas, uma difícil equação na Caatinga
À beira da extinção, onças da Caatinga enfrentam nova ameaça com avanço de eólicas no bioma
Foto de abertura: divulgação Zoológico de São Paulo